SEGUNDO “ELYSIUM”, IRONIA VAI DAR CADEIA NO FUTURO.

No futuro, a classe dominante será tão dominante que ela estará, literalmente, fora do nosso planeta, isolada numa mega plataforma espacial distante alguns milhares de quilômetros da pobreza, e rodeada por tudo de bom e do melhor que a tecnologia possa oferecer. Enquanto isso, aqui embaixo na Terra, sobram os pobres, chicanos, negros (e até um brasileiro interpretado por Wagner Moura). Quem não é rico luta desesperadamente por um emprego qualquer que lhe garanta um mínimo de sobrevivência. A única saída é tentar viajar clandestinamente e se tornar imigrante ilegal neste paraíso de riqueza (e intolerância) chamado Estados Uni.. opa, desculpe, chamado Elysium.

Esta é a premissa da aventura de ficção científica “Elysium”, escrita e dirigida por Neill Blomkamp, o mesmo de “Distrito 9”. A gigantesca amplitude do abismo e das injustiças sociais que o futuro nos trará não é exatamente uma novidade. O tema está fortemente presente no cinema desde o clássico “Metrópolis” até o recente “O Preço do Amanhã”, passando por “O Mundo no Ano de 2020” e muitos outros. Basicamente, “Elysium” simplesmente revisita o assunto, repetindo o viés de exclusão social que o próprio diretor/roteirista já havia explorado em “Distrito 9”. No início, quando um policial-robô não consegue entender se o protagonista Max (Matt Damon, vivendo uma espécie de Jason Bourne biônico) está sendo irônico ou agressivo, é possível até imaginar que “Elysium” percorreria caminhos mais sarcásticos e críticos, mas logo se percebe que a ficção científica, aqui, é apenas um pretexto, um pano de fundo para mais um filme de lutas, aventuras e pancadaria. Faltam ideias e sobram efeitos especiais (realmente de primeiro nível) nesta aventura futurista.

Para os brasileiros, duas atrações muito especiais: Wagner Moura, interpretando histrionicamente um personagem de fato histriônico, e Alice Braga, novamente carismática, eficiente… e “mexicana”…