SENSIBILIDADE EXTREMA EM “O ANO DE 1985”.

Por Celso Sabadin.

Uma lição cinematográfica da importância do conceito de “menos é mais”. Assim pode ser classificado o emocionante “O Ano de 1985”, drama familiar que mostra a história do jovem Adrian (Cory Michael Smith), publicitário que retorna de Nova York até sua pequena cidade natal para passar o feriado de Ação de Graças com a família.

“O Ano de 1985” está longe de ser o primeiro e certamente não será o último filme a tratar do assunto. Afinal, nada mais recorrente e atemporal que o tema dos choques geracionais e familiares. Principalmente quando o protagonista teve a oportunidade de evoluir na cidade grande e se vê obrigado a se (re) confrontar com o pensamento puritano e conservador das sociedades interioranas (no caso, texana, o que é pior).  E mais principalmente ainda quando há um segredo envolvido.

Não é o roteiro (muito menos o tal segredo, que será rapidamente percebido pelo espectador) o grande ponto positivo do filme, mas sim a elegância de sua direção. Fotografado num artístico preto e branco, “O Ano de 1985” flui na tela carregado por uma fortíssima dose emocional potencializada por preciosos silêncios e sutilezas. Personagens densos e ricos se desenvolvem aos poucos sob a sensível regência do malaio Yen Tan, cineasta que aos 19 anos emigrou para o Texas.

O longa é baseado no curta “1985”, realizado em 2016 pelo próprio diretor, e já se configura como um trabalho dos mais sensíveis a chegar nas nossas telas este ano.