“SIBYL”, INQUIETO E ANSIOSO COMO OS TEMAS QUE ABORDA.

Por Celso Sabadin.

Cansada de trabalhar como psicoterapeuta, Sibyl (Virginie Efira) decide abandonar a profissão para tentar escrever um livro. Sem remorsos, ela dispensa todos os seus pacientes, exceto uma: Margot (Adèle Exarchopoulos, de “Azul é a Cor Mais Quente”), uma atriz desesperada com o relacionamento disfuncional que mantém com o namorado, Igor (Gaspard Ulliel, de “A Revolução em Paris”). Porém, o motivo que leva Sibyl a manter esta única paciente está longe de ser minimamente ético: a ideia é usá-la como personagem de seu livro.

Produzido por França, Bélgica e Espanha, “Sibyl” mergulha no conturbado relacionamento entre terapeuta/escritora e paciente utilizando um estilo de direção igualmente alvoroçado: logo na primeira cena, despeja sem dó sobre a plateia um ansioso monólogo defendendo a ideia de como a vida contemporânea está cada vez mais ansiosa. Em seguida, trabalha os tempos e os espaço da forma tão fragmentada que não raramente temos a impressão de estarmos assistindo a um grande trailer. Aquieta-se depois, muda seus ritmos, flerta com a comédia, e estende-se com algum excesso em seu final (ou “em seus finais”, poderíamos dizer). De quebra, ainda traça uma irônica crítica aos folclóricos chiliques atribuídos ao mundo do cinema.

Estranho? Talvez, mas completamente coerente com os desassossegos e aflições dos temas que aborda. A direção é de Justine Triet, com roteiro dela mesma, em parceria com Arthur Harari.

Selecionado para a Mostra Competitiva do Festival de Cannes, “Sibyl” estreia nos cinemas brasileiros neste 15 de julho.

 

15/07/2021