‘SIERANEVADA” OU, FAMÍLIA É TUDO IGUAL.

Por Celso Sabadin.

Famílias disfuncionais continuam sendo um grande e inesgotável tema para o cinema. Afinal, se, como dizem, as mães são todas iguais, só mudam de endereço, as famílias na Romênia não seriam diferentes. No caso de “Sieranevada”, do diretor e roteirista Cristi Puiu (o mesmo de “A Morte do Sr. Lazarescu”), quase tudo acontece dentro de um pequeno e sufocante apartamento que potencializa o sentimento invariavelmente claustrofóbico de se passar algumas horas no nem sempre acolhedor seio familiar.

Os personagens, mistérios, segredos e rancores são desvendados aos poucos, sem pressa, para o espectador que, graças ao ponto de vista flutuante e observador de  uma câmera sempre espremida entre os escuros cômodos do tal apartamento, vai percebendo não apenas as tramas propostas, como também o motivo da reunião familiar que o filme apresenta. Na distante e gelada Romênia, cujo idioma é ao mesmo tempo tão próximo e tão distante do nosso Português, nos deparamos com conflitos  igualmente tão comuns aos nossos, onde irmãos, filhos, cunhados, pais e mães – cada qual com suas particularidades e neuroses – tentam manter alguma liga possível nestes tão perturbadores laços que atam e desatam as relações de parentesco.

São quase três horas de projeção. Não é fácil, e nem existe esta proposta de facilitar. Igual a conviver em família. “Sieranevada” fez parte da competição oficial de Cannes e é o selecionado pela Romênia a concorrer ao Oscar de produção estrangeira.

A estreia é nesta quinta, 15 de dezembro.