SINTONIZADO COM A ERA TRUMP, “O DIA DO ATENTADO” É PERIGOSA PROPAGANDA RACISTA.

Por Celso Sabadin.

Assistir a “O Dia do Atentado” é como revisitar o cinema da Era Reagan, daqueles tristes e truculentos anos 80. Fazia tempo que eu não via nada tão patrioticamente maniqueísta, uma verdadeira peça publicitária em longa-metragem idealizada para vender – outra vez – o suposto papel dos EUA como xerifes do mundo. O próprio protagonista afirma, em determinada cena, tratar-se de um embate do “o amor contra o ódio, do bem contra o mal”. Além de patético, o filme é racista e generalista ao colocar – outra vez – os muçulmanos como sendo apenas um bando de fanáticos, enquanto os norte-americanos são heroicos e absolutamente ilibados em sua luta pelos valores tradicionais e familiares de uma suposta liberdade que eles são os primeiros a desrespeitar.  Quando uma interrogada – muçulmana – clama pelo seu direito de ser acompanhada por um advogado, sua interrogadora, com um sorriso sarcástico, diz que ali ela não tem direito a nada.

A trama é baseada no atentado ocorrido durante a Maratona de Boston, em 15 de abril de 2013, que serve como mote principal deste que já pode ser considerado um digno representante cinematográfico do que ainda está por vir nesta temerária Era Trump.

Não por acaso, o título original do filme é “Patriot´s Day”.