“SOB AS ESCADAS DE PARIS” PARECE FILME DE NATAL. SEM O NATAL.

Por Celso Sabadin.

É tudo extremamente simples: Christine (Catherine Frot, de “Marguerite”), uma mulher solitária e sem teto que vive com dificuldades em Paris, conhece o pequeno refugiado africano Suli (o estreante Mahamadou Yaffa), que se perdeu da mãe. O garoto reacende o instinto maternal de Christine, e ambos saem sem rumo pelas ruas da cidade para tentar encontrar a mãe do menino. Como se já não fosse difícil o suficiente encontrar uma pessoa aleatoriamente numa cidade tão grande, adicione-se ao roteiro o fato de Suli não falar francês.

Segundo longa do diretor e roteirista Claus Drexel (o primeiro é “Affaire de Famille”, não exibido no Brasil), “Sob as Escadas de Paris” segue esta busca em ritmo de filme-família para todas as idades, com mensagem edificante, personagens excluídos da sociedade de fácil e rápida identificação popular, belas cenas de uma das cidades mais fotogênicas do planeta, um verniz de denúncia social para tentar proporcionar um leve caráter sério e político à trama, isso sem falar naquela famosa narrativa previsivelmente clássica que dá a segurança que não acontecerá nada de muito ofensivo ao público médio e que – claro – tudo vai dar certo. Tipo aqueles filmes familiares de Natal, só que sem o Natal.

Na tradução brasileira, o que originalmente seria “Sob as Estrelas de Paris” virou “Sob as Escadas de Paris”, o que também faz sentido, devido à localização da moradia da protagonista. E, no fundo, estrelas ou escadas, tanto faz: o que vale mesmo aqui é Paris.

O filme entra em cartaz nos cinemas nesta quinta, 14 de outubro.