SOLIDÕES E SEGUNDAS CHANCES SE MISTURAM EM “CERTO AGORA, ERRADO ANTES”.  

Por Celso Sabadin.

É a boa e velha história de um encontro e uma paixão que brota praticamente do nada. Porém, contada de uma maneira bem peculiar, como peculiar costuma ser este invariavelmente criativo cinema feito na Coreia do Sul.

Um cineasta e uma artista plástica se encontram na rua, saem para um café, e rapidamente nasce um sentimento forte entre ambos. Algo bem maior que uma simples atração. Longos planos, câmera parada e pouca trilha sonora ajudam a criar um gradativo sentimento de empatia e intimidade com o público. A utilização do zoom, tão fora de moda, ajuda na sensação de estranheza. O premiado diretor Hong Sang-soo estaria se debruçando sobre uma simples história como milhares de outras? Talvez não. Em determinado momento do filme a inventividade cinematográfica sul coreana vem à tona e algo acontece. O que? Bom, há colegas críticos que acreditam que o spoiler não estraga o verdadeiro sabor de um bom filme. Respeito esta opinião, mas não sou capaz de avalizá-la nos meus textos. É preciso assistir.

Superado o estranhamento inicial, “Certo Agora, Errado Antes” vai aos poucos desmistificando o mistério de seu título. O filme se cola nas nossas retinas e na nossa percepção, e lentamente provoca reflexões sobre solidão, angústias, segundas chances, relacionamentos, sufocamentos que a vida traz e de como sair deles.

“Certo Agora, Errado Antes” chega devagar, despretensiosamente, e quando nos damos conta ele já se instalou nas nossas emoções. Tranquilo e infalível como Bruce Lee. Que não era sul coreano.

Após vencer vários festivais internacionais, o filme estreou no Brasil em 19 de maio.