Sou Feia Mas Tô na Moda

Pelo menos é jogo aberto. A produtora do documentário Sou Feia Mas Tô na Moda se chama Toscographics. Ninguém está enganando ninguém. Propositalmente tosco, o filme se propõe a fazer um breve retrato das origens e evolução do movimento funk carioca. O próprio tema não comportaria sutilezas nem refinamentos. Coerente.
Sou Feia Mas Tô na Moda (título emprestado de uma música composta pela funkeira Tati Quebra-Barraco) procura mapear o universo do funk carioca sob a ótica das mulheres, mostrando que além de cantoras e compositoras, elas também são mães, esposas, estudantes, enfim, trabalhadoras. A idéia é dar alguma dignidade ao tema, espantando os rótulos pejorativos que sempre o cercaram. Assim, aborda o movimento como gerador de empregos para produtores de festas, equipes de som, empresários, ambulantes e todo o universo que o cerca.
Brigas, tráfico e sexo? É um lado que o filme prefere deixar de lado, como se fizesse parte de um passado em extinção. Teoricamente, o movimento se profissionaliza. Assim como vários outros, nasce nas ruas, espontâneo, para depois ganhar o mercado e entrar na “linha de produção”. De acordo com um dos entrevistados – ele próprio um produtor musical do funk – o som é sempre o mesmo. A batida é igual, o ritmo é igual, e joga-se por cima uma voz que também é quase sempre a mesma coisa.
Se o entrevistado – que é do ramo – afirma isso. Quem somos nós para discutir?
O interessante de toda a história é que – segundo os produtores do filme – Sou Feia Mas Tô na Moda foi comprado pela rede de televisão árabe Al Jazira. Pelo jeito, nem Bin Laden resiste ao ritmo brasileiro.