SUSPENSE “DESCONHECIDO”, COM LIAM NEESON, NÂO SUBESTIMA A INTELIGÊNCIA DA PLATEIA.

O autor do livro é francês. O diretor, espanhol. O ator pricipal nasceu na Irlanda, e toda a ação se passa na Alemanha. Mas não se engane: nestes tempos globalizados, ”Desconhecido” é o típico filme de suspense com jeitão norte-americano.

Tudo começa com o Dr. Martin Harris (Liam Neeson, convincente) e sua esposa Elizabeth (January Jones) chegando em Berlim para uma importante conferência mundial de Biotecnologia. Um acidente de carro, porém, põe o Dr. Harris em coma durante 4 dias. Ao acordar, toda sua vida está do avesso: é como se ele nunca tivesse existido. E é melhor não dizer mais nada.

O bom e velho tema do homem solitário e indefeso lutando contra tudo e contra todos em busca da própria identidade, tendo uma bela capital europeia e uma intriga de espionagem internacional como panos de fundo, geralmente rendem bons filmes. Hitchcock que o diga. E este “Desconhecido” não faz feio. Uma ou outra forçada de barra no roteiro, uma ou outra cena de correrra e/ou pancadaria desnecessária aqui e ali (afinal, um dos produtores é Joel Silver, de “Duro de Matar” e “Máquina Mortífera”) não são suficientes para tirar os méritos do filme, que tem tudo para agradar tanto aos fãs de uma boa trama, como a quem prefere somente a correria.

E entre estes méritos destaca-se a marcante presença do grande ator alemão Bruno Ganz (o Hitler de “A Queda”), no impagável papel de um ex-agente da antiga Alemanha Oriental. É antológica sua fala que classifica os alemães como um povo que “adora esquecer”, que já esqueceu que foi nazista e agora tenta esquecer que foi comunista. Ou sobre um antigo cigarro que, de tão ruim, “matou mais comunistas que Stalin”. Seu embate final com outro veterano de Guerra Fria – vivido por Frank Langella – é um dos pontos altos do filme.

Diane Kruger (de “Bastardos Inglórios”) como uma imigrante ilegal e um Aidan Quinn incrivelmente fora de forma também contribuem para a qualidade desta boa coprodução entre EUA, Reino Unido, França e Alemanha. Pode não ser genial, são evidentes alguns pontos em comum com “A Identidade Bourne”, mas é totalmente eficiente no quesito “entretenimento que respeita o público”.