SUSPENSE ESPANHOL “TOQUE DE MESTRE” FUNCIONA AO IMITAR FILME AMERICANO.

Um tempo único, um local único, uma ação única. Este tipo de formulação dramatúrgica clássica costuma render algumas boas experiências no campo cinematográfico. Casos de “Enterrado Vivo” e “Por um Fio”, apenas para citar dois exemplos. A experiência se repete agora no suspense “Toque de Mestre”, produção espanhola falada em inglês e estrelada por atores americanos, feita para o mercado internacional.

A trama é bem enxuta. Elijah Wood interpreta Tom Selznick, um pianista tenso e apavorado, a poucas horas do concerto que deverá marcar a sua volta triunfal, após cinco anos de uma problemática ausência dos palcos. Quando o concerto começa e tudo parece correr bem, Tom percebe uma anotação ameaçadora escrita a mão em sua partitura: há um psicopata no teatro, disposto a matar o pianista, caso ele não execute à risca todas as suas ordens.
Ninguém vê o assassino; o assassino vê a todos e tudo controla. Sob os olhos de milhares de pessoas, o palco transforma-se numa armadilha mortal onde a presa não poderá dividir sua aflição com ninguém, exceto com quem assiste ao filme, potencializando assim os bons e velhos conceitos de mistério e suspense desenvolvidos por Hitchcock. Somos nós, os espectadores do filme, os únicos parceiros possíveis a compartilhar do desespero do protagonista.

Este único jogo de gato e rato terá no teatro seu único palco, e no prazo de execução das peças seu único tempo. Como entretenimento e exercício de estilo, “Toque de Mestre” é eficiente e bem realizado. Não se trata, nem de longe, de nenhum “O Homem Que Sabia Demais” e sua maravilhosa apoteose no Albert Hall, mas não faz feio.

O diretor do filme, Eugenio Mira, também é compositor, e escreveu ele próprio as peças executadas no concerto.