SUSPENSE ITALIANO “O LABIRINTO” HONRA SEU TÍTULO.

Por Celso Sabadin.

Sabe aquele tipo de filme norte-americano de investigação policial que é todo misterioso, e que no final explica tudo direitinho o que aconteceu, amarrando todas as pontas? Pois bem: “O Labirinto” está longe de ser este tipo de filme. Que bom! Primeiro porque nem norte-americano ele é (que bom outra vez), e segundo porque ele não faz nenhuma questão de amarrar todas as pontas. Pelo que se percebe, a intenção é realmente perturbar. E consegue!

Com roteiro e direção de Donato Carrisi, “O Labirinto” é baseado no livro “L’uomo del labirinto”, escrito pelo próprio cineasta. Carrisi também é o autor do livro, roteirista e diretor de “A Garota da Névoa”, recentemente exibido no Brasil.

Na trama – e põe “trama” nisso – acompanhamos o estranho caso de uma garota encontrada, após 15 anos desaparecida, sob três diferentes pontos de vista: o do investigador particular Genko (vivido pelo ótimo Toni Servillo, de “A Grande Beleza”), o do médico especialista Dr. Green (Dustin Hoffmann), e o da própria garota (Valentina Bellè, também ótima). As três narrativas se entrelaçam, não são necessariamente coincidentes, sequer complementares, e vão misturando realidade com fantasias e alucinações na mesma proporção em que outros personagens coadjuvantes são incorporados à história.

Se você deseja a segurança de ter todo o mistério absolutamente resolvido até a última cena, nem comece a ver o filme. Porém, se você prefere o estranhamento de um suspense/horror mais sensorial que cerebral, dirigido com muita habilidade dramatúrgica e competência na criação de climas, com ótimas produção, fotografia, trilha sonora e interpretações, “O Labirinto” é uma grande opção que justifica o seu título.

 

12/08/2021