SUSPENSE PSICOLÓGICO “INSTINTO” DISCUTE OS LIMITES DA SANIDADE.

Por Celso Sabadin.

Quais os limites da loucura? O que diferencia uma pessoa emocionalmente perturbada, presa, de outra igualmente perturbada, porém solta? Ou ainda: o que diferencia uma pessoa emocionalmente desequilibrada, branca e com curso superior, de outra também desequilibrada, porém muçulmana e de origem simples?

Estes – e outros – temas saltam aos olhos e à sensibilidade em “Instinto”, suspense psicológico que a Holanda escolheu para representar o país no prêmio Oscar.

A psicóloga Nicoline (Clarice van Houten) é a única voz discordante na clínica onde trabalha: ela acredita que o paciente Idris (Marwan Kenzari) ainda não está apto para retornar ao convívio social, enquanto seus colegas são a favor da liberação do rapaz. Durante o processo psicoterapêutico, porém, trava-se entre Nicoline e Idris um perigoso jogo psicológico, onde não faltarão seduções, tensões e chantagens emocionais.

A questão agora é tentar saber quem – afinal – está pronto ou não para o convívio social. Se é que alguém está.

É interessante a maneira como Nicoline é retratada na obra, várias vezes com sua imagem refletida e/ou fragmentada por vidros, espelhos ou superfície de água, sublinhando assim a personalidade dividida da personagem. A maneira como o silêncio é utilizado também contribui para o crescente clima de tensão do filme.

“Instinto” é a estreia na direção de longas de Halina Reijin, mais conhecida em seu país como atriz. Premiado em Locarno, o filme fez mais de 100 mil espectadores na Holanda, número considerado bastante positivo para o país.