“TAKARA”, UM PEQUENO E BELO POEMA SILENCIOSO.

Por Celso Sabadin.

Muita neve, muito gelo, isolamento e um profundo silêncio marcam o dia-a-dia de um garotinho, em algum lugar no interior do Japão. À noite, praticamente sozinho em casa, ele permanece com seus olhos – entre inquietos e assustados – sempre abertos. Durante o dia, cai de sono. Literalmente. Neste cotidiano sem surpresas, torna-se imperativa a busca por uma aventura. Por menor que seja.

Coproduzido por Japão e França, “Takara – A Noite em que Nadei” encontra sua grande força ao escolher o silêncio como forma de expressão. Um silêncio profundo que não só trafega na mais absoluta contramão desta nossa contemporaneidade ensurdecedora, como convida à reflexão sublinhando com cores fortes a gigantesca solidão do pequenino protagonista. Uma pequena preciosidade, um poema sobre a incomunicabilidade dirigido por Damien Manivel e Kohei Igarashi.

Selecionado para a mostra Horizontes no Festival de Veneza, “Takara” é um bem-vindo oásis de simplicidade e poesia num circuito dominado por explosões e violência.