“TÃO FORTE E TÃO PERTO” USA E ABUSA DA MANIPULAÇÃO DO PÚBLICO.

Saio da sessão de imprensa de “Tão Forte e Tão Perto” drenado de tanto chorar. Admito, fui pego, fui manipulado pelo diretor Stephen Daldry, o mesmo de “O Leitor” e “Billy Elliot”. Tenho certeza que Stephen sabe exatamente em quais cenas eu (e a torcida do Corinthians) nos desvaímos em lágrimas. Dá até vontade de xingá-lo, tamanha a precisão e tão descaradas as suas ferramentas de manipular a platéia. Mas Cinema também não é manipulação das emoções? Hitchcock que o diga!

Mas que foi golpe baixo, foi: primeiro você mostra um relacionamento super legal, quase impossivelmente real, entre um pai e um filho. Depois coloca este pai no último andar do World Trade Center em pleno 11 de setembro, mas não o mata imediatamente. Não, a ideia é esticar o sofrimento através da cruel incomunicabilidade de recados gravados numa secretária eletrônica. Tem como não chorar?

E tem mais: assim como no filme argentino “A Viagem”, este filho empreende uma grande jornada em busca por sinais que o reconectem ao pai desaparecido. Se na produção hermana a viagem era pela América Latina, aqui Nova York se basta a si mesmo. Paralelamente rola a história do avô deste menino, vitimado pela 2ª Guerra Mundial, como numa tentativa de estabelecer padrões entre as duas tragédias, entre as diversas formas de incomunicabilidade e sofrimento.

“Tão Forte e Tão Perto” é assim. Chega a ser irritante de tão esquemático, mas também é quase impossível não cair em suas armadilhas.