“TARDE PARA MORRER JOVEM”, EM BUSCA DA LIBERDADE PERDIDA.

Por Celso Sabadin.

Chile, Argentina, Holanda, Brasil e Qatar. Só mesmo o cinema para unir países tão diversos num trabalho em conjunto. O resultado desta tão improvável cooperação é a coprodução “Tarde para Morrer Jovem”, longa premiado em Locarno, Gijón, e com boa passagem por diversos festivais internacionais.

A trama se passa em torno dos anos 1980/90 (é o que se percebe pelos carros), no Chile (é o que vem escrito no release). Mas esta contextualização tempo/espaço não é o grande fator determinante do filme. Boa parte do fascínio de “Tarde para Morrer Jovem” reside exatamente no desconhecido, na ausência de informações sobre este grupo de famílias que opta por uma vida alternativa. Não é exatamente um movimento hippie, mas sim uma opção de vida, uma resistência.

No que aparenta ser uma espécie de condomínio de chácaras  afastado da cidade –  meio abandonado, meio bucólico – estas famílias buscam algum tipo de reconstrução, de crescimento, de autoconhecimento. Crianças brincam soltas, jovens amadurecem seus sentimentos amorosos, adultos, como sempre, se preocupam e entram em conflito.

O material de divulgação do filme informa que o tema retrata o sentimento de liberdade que se apossou dos chilenos após a queda do ditador Pinochet, em 1990. Pode ser. A informação não está na tela. Mas não importa. “Tarde para Morrer Jovem” atrai justamente pelo estranhamento, pelo enfoque muito particular desta comunidade que – não bastassem as dificuldades normais de todo agrupamento social – ainda se vê obrigada a lutar repetidamente contra os constantes incêndios que assolam o lugar. Provando que, como sempre, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Com ou sem Pinochet.

“Tarde para Morrer Jovem” tem roteiro e direção da chilena Dominga Sotomayor Castillo, neste que é seu terceiro longa depois de “De Jueves a Domingo” e “Mar”.

Intrigante.