“TEMPORADA”, JÁ UM DOS MELHORES BRASILEIROS DO ANO, ESTREIA COM PREÇOS PROMOCIONAIS.

 Por Celso Sabadin.

André Novais de Oliveira é um jovem cineasta mineiro que já há tempos vem chamando a atenção em festivais com seus curtas que se passam naquela enevoada zona de transição que separa – ou não separa – a ficção, o documentário e até a realidade em si, ao escalar como atores alguns membros de sua família. Em seu primeiro longa, “Ela Volta na Quinta”, Novais reutilizou a fórmula dos curtas, o que lhe rendeu mais prêmios e elogios.

Agora em seu novo trabalho – “Temporada” –  percebe-se um cineasta mais maduro, mais dono da dramaturgia que propõe, ao mesmo tempo em que não apenas mantém o estilo que o consagrou, como o depura e o aperfeiçoa, potencializando os resultados dramáticos e emotivos num novo patamar de sua obra.

Com extrema simplicidade narrativa – outra de suas características – Novais mostra o cotidiano de um grupo que trabalha no controle de endemias, na periferia da cidade mineira de Contagem. São aquelas pessoas que vão de porta em porta tentando eliminar repositórios de água parada que possam atrair o mosquito da dengue. São vasculhadores de quintais.

O ponto de partida é a chegada de Juliana (Grace Passô, excelente) como nova integrante do grupo. Nosso olhar culturalmente colonizado já se acostumou – e de certa forma até espera – com aquele tipo de roteiro que mostra como a introdução de um novo elemento num grupo já formado causa os mais variados conflitos, originando intensos arcos dramáticos que, no desenrolar do filme, vão transformar as vidas dos envolvidos, não raro desembocando na redenção total de todos ou quase todos. E esta é uma das maravilhas que “Temporada” nos proporciona: nada disso acontece. Muito pelo contrário. O filme atrai e apaixona pela sua fluidez tranquila, pela maneira como ele costura pequenos fragmentos de vidas que são – num só tempo – simples, reais e hipnóticos.

O encantamento reside na singeleza desta realidade que coloca no caldeirão do cotidiano os pequenos e imprescindíveis elementos da vida que vivemos sem muitas vezes nos darmos conta. São amizades, sonhos, amores, medos, choros, decepções, planos – enfim, vidas – que perpassam por todos os nossos quintais, quase sempre desarrumados.

Os que buscam o cinemão clássico com seus heróis, bandidos e finais redentores talvez não gostem de “Temporada”. Os que amam o cinema como poesia certamente se entregarão a estes tênues pedaços de existência que se misturam à espessa fumaça branca que pode ser o pensamento nebuloso das nossas dúvidas, o incenso que anuncia o juízo final, ou o inseticida contra o aedes egypt.

“Temporada” foi o grande vencedor da Mostra Competitiva no 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde saiu premiado como Melhor Filme, Melhor Atriz (Grace Passô), Melhor Ator Coadjuvante (Russo APR), mais Direção de Arte e Fotografia. A trilha sonora com solos de sopros é um capítulo a parte.

Sua estreia traz preços diferenciados de R$ 12,00 a inteira e R$ 6,00 a meia entrada nos seguintes locais: Rio Branco (Cine Teatro Recreio), Maceió (Cine Arte Pajuçara), Fortaleza (Cinema do Dragão), Brasília (Cine Brasília e Espaço Itaú de Cinema Brasília), Vitória (Sesc Gloria), Goiânia (Cine Cultura Goiânia e Lumiere Bouganville 5), São Luís (Cine Lume), João Pessoa (Cine Bangue), Recife (Cine São Luíz, FUNDAJ Cinema do Museu), Teresina (Cine Teresina), Curitiba (Cineplex Batel e Cinemateca de Curitiba), Niterói (Cine Arte UFF), Rio de Janeiro (Espaço Itaú de Cinema Botafogo e Estação Net Rio), Manaus (Casarão de Ideias), Aracaju (Cine Vitória), São Paulo (Espaço Itaú de Cinema Augusta, Cinesystem Morumbi Town e CineArte), Palmas (Cine Cultura Palmas), Porto Alegre (Cine Bancários), Salvador (Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha), Belo Horizonte (Cine Belas Artes, Cine 104), Santos (Cinespaço Miramar), Belém (Cine Líbero Luxardo).