TENSÕES E NEUROSES URBANAS EM “MINHA AMIGA DO PARQUE”.

Por Celso Sabadin.

As pequenas neuroses urbanas que nos atingem em maior ou menor intensidade são potencializadas em “Minha Amiga do Parque”, filme escrito, dirigido e interpretado pela premiada atriz e diretora argentina Ana Katz.

Liz (Julieta Zylberberg) é uma mãe fragilizada pela distância do marido (um documentarista em viagem pelo Chile) e pelo sentimento de culpa que nutre por não conseguir amamentar seu filho. Solitária, seus únicos laços de relacionamentos humanos se desenvolvem no parque próximo à sua casa, onde se encontra com outras mães e seus filhos. Porém, entre tantas mães presentes no lugar, Liz se relaciona mais proximamente com Rosa (Ana Katz), mulher de olhar dissimulado que parece estar sempre ocultando alguma coisa. Nasce entre elas um estranho relacionamento permeado por tensões, distensões e medos que se alternam de modo a manter no espectador num estado de suspense permanente que parece jamais se consumar. E que por isso mesmo se torna insistentemente mais tenso.  A situação piora quando entra em cena a não menos enigmática Renata (Maricel Álvarez, vencedora por este filme do prêmio de atriz coadjuvante da Academia Argentina), irmã de Rosa. Estas três mulheres se mesclam numa amálgama de pequenas e mudas dependências neuróticas

Premiado no Festival Sundance pelo seu roteiro, “Minha Amiga do Parque” é uma coprodução argentino-uruguaia que estreia nesta quinta, 22 de fevereiro.