TERCEIRO “PIRATAS DO CARIBE” É PURA OVERDOSE VISUAL E SONORA

Lembro-me de ter escrito na crítica do segundo episódio de “Piratas do Caribe” que havia saído da projeção “meio tonto”. Neste terceiro filme, “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo”, é preciso eliminar a palavra “meio”. A produção de Jerry Bruckheimer (de “Armaggedon”, “Bad Boys”, “Con Air”, “Um Tira da Pesada” e tantos outros) nocauteia qualquer um. Para o bem e para o mal. Trata-se de uma overdose de sons altos, música incessante e imagens deslumbrantes que encharcam olhos e ouvidos sem dó nem piedade. E isso é bom? Depende. Para o público jovem, não poderia ser melhor. Já os sentidos mais amadurecidos talvez sofram com a sensação de se estar numa montanha russa alucinada durante quase três horas. Duas horas e 48 minutos, para ser mais preciso.
Mas vale a pena. A força dramática da primeira cena, onde centenas de piratas e/ou pessoas conectadas a eles são vítimas de um enforcamento em massa, nos remete a grandes dramas históricos filmados com apuradíssima precisão técnica. As aparições do navio fantasma Flying Dutchman (por que não “Holandês Voador”?) parecem ter sido filmadas diretamente de um pesadelo. Por incrível que pareça, a direção de arte e os figurinos estão ainda mais elaborados e barrocos. A reunião dos grandes líderes mundiais de piratas, é um capítulo a parte. O humor permanece na medida certa. E a batalha final, desenvolvida dentro de um redemoinho, é assustadoramente brilhante e assume – definitivamente – que o filme é baseado numa atração de parque temático.
A história? Ah, sim, existe uma: Lorde Cutler Beckett (Tom Hollander) dá início a uma execução em massa de piratas, o que faz com que Elizabeth Swann (Keira Knightley, fortíssima) e o capitão Barbossa (Geoffrey Rush, divertindo-se muito) viajem até Cingapura para roubar os mapas do líder pirata Sao Feng (Chow Yun-Fat, de “O Tigre e o Dragão”). As cartas náuticas de Feng trariam as rotas do Fim do Mundo, onde Jack Sparrow (Johnny Depp, é claro!) está preso no Flying Dutchman por conta da dívida que ele precisa pagar a Davy Jones (Bill Nighy). E isso é só comecinho… Para entender melhor é preciso ver ou rever os dois primeiros episódios, já que os três filmes são profundamente entrelaçados, mas “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo” é um filme no qual se embarca mesmo sem entender exatamente a história. Ah, e o final não é dos mais convencionais. Além de abrir as portas para um provável quarto episódio (“Piratas do Caribe – A Fonte da Juventude”, talvez?). Claro. Ninguém abandona assim sem mais nem menos uma franquia cinematográfica que rendeu mais de US$ 1,7 bilhão apenas nos dois primeiros filmes, somente com ingressos vendidos nos cinemas. Sem falar nos DVDs, camisetas, lancheiras, brinquedos….