“TERRA ESTRANHA”, INÍCIO PROMISSOR DE UM BOM TRIO DE ESTREANTES.

Por Celso Sabadin.

Depois de alguns curtas e documentários bem sucedidos, a diretora Kim Farrant estreia no longa ficcional de maneira bastante convincente: “Terra Estranha” pode não trazer uma história das mais originais, mas demonstra grande competência no quesito criação de clima. Que envolve, direta e incisivamente, o talento direcional.

Aos poucos, sem pressa, o espectador vai tomando contato com o drama que se abateu sobre Catherine (Nicole Kidman) e Matt (Joseph Fiennes), que ao lado dos dois filhos tenta se adaptar a uma nova vida numa desolada cidadezinha do interior da Austrália. Sob todos os pontos de vista, o clima é denso e árido. Inclusive literalmente. Debaixo de sua imaculada roupa de farmacêutico e sem um fio de cabelo fora do lugar, Matt busca hipocritamente esconder um passado do qual se envergonha. Catherine traz a perturbação no seu olhar e nos seus gestos. As crianças trilham aos trancos e barrancos os caminhos do crescimento, da maturidade e da descoberta da sexualidade. Paira sobre a cidade e sobre a família uma pesada nuvem de mágoas, tensões insuportáveis e segredos inconfessáveis.

“Terra Estranha” marca a estreia no longa de ficção não apenas da diretora mas também de seus roteiristas, Fiona Seres e Michael Kinirons (este também autor do argumento), nomes até o momento mais ligados à TV que propriamente ao cinema. Um bom início de carreira cinematográfica  coroado com indicações tanto aos principais prêmios da crítica australiana como também ao prêmio do júri no Sundance Festival.

A estreia é nesta quinta, 13 de outubro.