“TERREMOTO” RUSSO-ARMÊNIO ABORDA A FUGACIDADE DA VIDA.

Por Celso Sabadin.
 
Nossa visão culturalmente colonizada sempre nos leva a crer que um filme chamado “Terremoto” deveria ser, necessariamente, uma grande ostentação de efeitos visuais misturados a momentos explícitos de heroísmo. Felizmente, não é o caso deste “Terremoto”, coproduzido entre Armênia e Rússia em 2016, e que chega agora ao Brasil via plataforma virtual.
 
A partir do terremoto real acontecido na Armênia, em 1988 (momento em que o país ainda fazia parte da então União Soviética), os roteiristas Aleksey Gravitskiy e Sergey Yudakov desenvolveram histórias humanas ambientadas em Spitak, a cidade mais atingida pela tragédia. A proposta é mostrar como os pequenos dramas do cotidiano tornam-se minúsculos diante de uma força maior, passando igualmente a mensagem da fragilidade e da fugacidade da vida, tantas vezes desperdiçada em quireras.
 
Há o pai que não perdoa a filha por ter se casado grávida, o jovem que busca vingança contra o homem que provocou um acidente fatal contra sua família, a garota que resiste às investidas de seu pretendente por ele trabalhar em um cemitério, e assim por diante. Todos – e muito mais – presenciarão o incomensurável peso da hecatombe que se aproxima sem aviso.
Passado o pior, o pesadelo continua sob a forma de frio, abandono, desespero, e até sob a ação da própria maldade humana, que não se furta em querer tirar proveito da situação.
 
“Terremoto” traz efeitos visuais surpreendentes, ótimo nível de produção, um roteiro razoável e uma direção (de Sarik Andreasyan) que por vezes esbarra no telenovelesco. Tem, sim, seus bons momentos, mas em determinadas cenas se deixa carregar pelo excessivo peso da trilha sonora, sem dúvida o ponto baixo do filme.
Selecionado pela Armênia para representar o país no Oscar 2017, “Terremoto” chega à plataforma www.cinemavirtual.com.br nesta quinta, 13 de janeiro.
Não confundir com o homônimo de 2019 produzido na Noruega.