“TERROR NA ANTÁRTIDA” NÃO É UM FILME DE HORROR, MAS UM HORROR DE FILME.

Quem vai muito ao cinema já passou pela tradicional situação de sentar-se na frente de alguém que gosta de ficar “explicando o filme” em voz alta. O protagonista entra no carro, e o sujeito atrás de nós fala: “Olha, ele entrou no carro”. E assim por diante.
Chato, não é?
Muito mais chato quando isso acontece dentro do próprio filme, como é o caso de “Terror na Antártida”. Verdade: em várias cenas sempre aparece algum personagem disposto a explicar para o público o que está acontecendo na trama. Exemplo: a policial vê um rastro de sangue sobre o gelo. Aparece algum coadjuvante para dizer: “Oh, um rastro de sangue sobre o gelo”. Ou, em, outro momento, um veículo estaciona numa gigantesca planície gelada, no meio do nada. Surge alguém para dizer: “Oh, estamos no meio do nada!”. Como diz um amigo meu, é filme bom pra passar no rádio.

Se esta inabilidade na utilização da linguagem cinematográfica fosse o único problema de “Terror no Gelo”, tudo bem. Mas não é. Ineficaz para criar empatia do público com os personagens, Dominic Sena (o mesmo de “A Senha: Swordfish”) dirige uma aventura sonolenta que comete um pecado mortal para toda e qualquer aventura: não se consegue torcer a favor dos herois, nem contra os vilões. Tudo é muito frio (sem trocadilho) e sem emoção nesta trama banal e desinteressante.

Carrie (a bela Kate Beckinsale, de “Underworld”, que sem mais nem porque tira a roupa logo em sua primeira cena) é uma agente federal que atua numa base isolada no meio do gelo da Antártida. Também não fica muito claro porque uma base de pesquisas precisa ter uma agente federal, mas tudo bem. Nada de muito importante e/ou policial acontece por ali, até o dia em que um corpo é encontrado no meio de uma vasta planície de gelo, longe de tudo e de todos, sem mochila, sem equipamento, e com metade do rosto desfigurado. Um mistério que Carrie precisa resolver. Enquanto isso, a moça tem pesadelos com alguns fatos terríveis que aconteceram em seu passado. Mais clichê, difícil.

Aí vem a pergunta que não quer calar: e o tal do “Terror” na Antártida? Pura propaganda enganosa da distribuidora. O filme não é de Terror. É uma aventura policial que não tem absolutamente nada de lobisomens, vampiros, zumbis, espíritos, reencarnações, PCC, Comando Vermelho ou qualquer outro elemento relacionado ao gênero.
Pode até ser um terror de filme, mas não é um filme de terror.

E uma dica final: a resolução do mistério do corpo encontrado desfigurado no meio do nada é igualzinha à do filme “O Preço da Traição”, com Nick Nolte. Pronto, falei.