“THE MOON: SOBREVIVENTE” E A FORÇA DO CINEMA SUL COREANO. 

Por Celso Sabadin. 

A Coreia do Sul quer ser o segundo país do mundo a colocar um ser humano na superfície lunar. Assim, em dezembro de 2029, o país envia à Lua uma missão com três astronautas, visando desta forma retomar seu nível de credibilidade e respeito junto à comunidade aeroespacial internacional. Afinal, cinco anos antes, os sul coreanos haviam protagonizado uma gigantesca falha no setor, com trágicas consequências.  

Algo, porém, vai dar errado. Porque todos sabemos que, se nada der errado, não tem filme.   

Essa é a premissa de “The Moon: Sobrevivente”, estreia desta quinta-feira, 16/01, nos cinemas brasileiros. Num primeiro momento, alguns poderão estranhar a presença em nosso circuito comercial de uma ficção científica produzida na Coreia do Sul. Principalmente sobre a exploração da Lua, um tema que parece ter estacionado nos anos 1960. Mas sempre é bom lembrar que, graças à acessibilidade mundial dos efeitos especiais digitais, já faz um bom tempo que os Estados Unidos não ostentam mais o quase monopólio sobre este mercado, como ostentavam antes. 

Quanto ao tema propriamente dito, a procura pela Lua aqui não é exatamente o cerne dramático do longa. Sim, tudo gira em torno do nosso satélite natural (sem trocadilhos), mas o roteiro de Kim Yong-hwa, também diretor do filme, abre outros caminhos dramatúrgicos, além daqueles já desgastados pela pura aventura de suspense. Kim Yong-hwa também é o cineasta da franquia “Along with the Gods”, que o material de divulgação afirma estar fazendo sucesso no streaming.  

O filme fala também de honra, de dramas familiares, de perdas irreparáveis, da vergonha pelo fracasso (assunto que parece ser bem recorrente na cultura oriental), e também da luta insana da Coreia do Sul em se inserir com sucesso no cenário internacional da conquista espacial, algo que pode ser interpretado também, simbolicamente, como o cenário internacional da produção cinematográfica. A analogia é válida, pois se na fantasia da ficção o país quer ser o segundo a pisar na Lua, na realidade dos fatos ele já é o segundo a vencer o Oscar na categoria principal de melhor filme.  

Há espaço também (novamente sem trocadilhos) para um interessante e corajoso subtema que retrata a NASA – a agência espacial norte-americana – como uma vilã egoísta que se recusa a ajudar a Coreia, quando surge a necessidade. Repare ainda – e isso não é spoiler – como o roteiro deixa claro que a ajuda só acontece porque há vários astronautas não estadunidenses a serviço da agência.  

A parte da aventura e do suspense propriamente ditos – praticamente indispensáveis neste tipo de filme – é bastante competente, ainda que esbarre em duas questões incômodas. A primeira é o estranhamento cultural que nós, ocidentais, experimentamos ao nos deparar com o estilo de intepretação oriental que nos soa exagerada em vários momentos. E a segunda é a trilha musical hiperbólica, épica, exabundante, excessiva, insistente e persistente que permeia praticamente toda a ação.    

O papel principal do astronauta Hwang Sun-woo  é interpretado pelo popular cantor e ator Do Kyung-soo, do grupo KPOP – EXO. Eu, como grande desconhecedor de KPOP, não o conhecia, mas é para isso que servem os bons releases de imprensa.