TIRADENTES 2017: A VIAGEM PESSOAL DE “O QUE NOS OLHA”

Por Celso Sabadin, de Tiradentes.

Cachoeira…. Verdade a 24 Quadros por Segundo… Mentira a 24 Quadros por Segundo… nestes seus mais de 120 anos de vida, já foram tantas as tentativas para se definir o que é Cinema que a questão se mostra realmente sem solução. Mesmo porque não existe um único Cinema, muito menos uma única forma de fazê-lo. No caso do longa “O que Nos Olha”, exibido nesta quinta-feira (26/01) na 20ª Mostra de Tiradentes, pode-se dizer que Cinema é Terapia.

Isto porque o filme é um relato passional e confessional em primeira pessoa sobre a dor da separação. Neste seu segundo longa, a roteirista e diretora Ana Johan apoia-se em sua própria experiência de vida para tentar exorcizar, via câmera, o sofrimento causado pelo rompimento de uma forte relação afetiva.

De coração aberto e sem censura, Ana utiliza a volta às origens como ferramenta de cura. Retorna à sua cidade natal – a pequena Cruz Machado, no Rio Grande do Sul – onde passa a entrevistar habitantes locais, familiares ou não, em busca de alguma verdade, de sinais mais profundos de vida, de experiências afetivas, de catarse emocional. São depoimentos crus e sinceros com muita câmera fixa e pouca edição que abrem espaços e tempos para que tanto as imagens quanto as emoções possam fluir livremente. Há uma benzedeira, um homem que se descobre fotógrafo, um rapaz magoado com o pai que não lhe dava livros… pequenas histórias de cada um que encontram espelho e eco no que há de mais simples, e ao mesmo tempo de mais sensível na alma humana: a necessidade de se relacionar com o outro.

“O que Nos Olha” é, acima de tudo, um filme sem medo de se expor.

Celso Sabadin viajou a Tiradentes a convite da organização do evento. E depois deste texto talvez ele não seja mais convidado nos próximos anos…