TIRADENTES 2017: “UM FILME DE CINEMA” TENTA ATINGIR PÚBLICO INFANTIL.

por Celso Sabadin, de Tiradentes.

Depois do elogiado e premiado “Jovens Infelizes ou um homem que grita não é um urso que dança”, o diretor Thiago Mendonça resolveu incursionar pelo difícil terreno do filme infantil. Seu novo trabalho, “Um Filme de Cinema”, exibido na noite desta terça (24/01) na 20ª Mostra de Tiradentes, nasceu de uma inquietação vivida pelo cineasta durante o ano passado. “2016 foi o ano mais triste que eu já vivi em minha vida, em função do momento político brasileiro”, afirmou Mendonça ao apresentar seu novo longa. Tal tristeza foi ampliada no final do ano com a morte do também cineasta Andrea Tonacci, para quem “Um Filme de Cinema” foi dedicado.

Assumidamente autobiográfico, o roteiro fala de um jovem cineasta (não por acaso, também de sobrenome Mendonça), em crise criativa, que não consegue terminar seu novo trabalho a ser apresentado num bizarro festival. Tudo começa a tomar novos rumos quando sua filha, Isabel, lhe pede a câmera emprestada, para fazer um trabalho escolar sob o formato de cinema. O olhar revigorado e cheio de frescor da criança torna-se o combustível necessário para que o entusiasmo infantil preencha o vazio causado pela desilusão do cansaço.

Apesar das boas intenções e da mais que elogiável iniciativa de se produzir uma obra voltada para a formação de plateia, “Um Filme de Cinema” não decola. Perde-se entre a comédia e a nostalgia, mostra-se redundante ao insistir repetidamente em homenagens a antigos clássicos do cinema (principalmente Chaplin), e não parece mostrar fôlego suficiente para cativar o sempre tão exigente público infantil.

A tentativa é louvável, mas pelo jeito a crise criativa do protagonista alastrou-se para a vida real.

 

Celso Sabadin viajou a Tiradentes a convite da organização do evento.