TIRANDO A NARRAÇÃO, “A INCRÍVEL HISTÓRIA DE ADALINE” É UM BELO FILME.

Por Celso Sabadin.

O sonho e, ao mesmo tempo, a maldição de jamais envelhecer coexistem no drama romântico “A Incrível História de Adaline”, dirigido por Lee Toland Krieger, o mesmo de “Celeste e Jesse para Sempre”. Misturando a fantasia de “O Curioso Caso de Benamin Button” com algumas questões levantadas pela saga “Highlander”, o filme é um gostoso convite a um passeio pelo século 20. A personagem título (vivida pela encantadora Blake Lively (de “Selvagens” e “Gossip Girl”) é uma mulher nascida no início do século, e que por causa de um bizarro acidente estaciona nos seus 29 anos, passando as próximas décadas sem que lhe nasça um único cabelo branco, uma única ruga. Um desejo de todos nós? Não exatamente, principalmente quando se percebe que a situação é tristemente insustentável.

É mais que evidente que o filme trabalha no registro da fábula, mas mesmo assim o roteiro de Salvador Pascowitz e J. Mills Goodloe (que nunca haviam roteirizado até então algo realmente marcante) comete o erro de tentar “explicar” o acontecido com fatos supostamente palpáveis e científicos. É neste quesito que “A Incrível História de Adaline”, a exemplo de sua protagonista, derrapa na pista: uma insuportável e totalmente dispensável narração em off permeia toda a trama, não só tentando explicar o inexplicável, como também, e pior, tirando a toda hora o espectador do mundo ilusório que a história propõe. O filme subestima a inteligência da plateia ao narrar redundamente, em várias oportunidades, tudo aquilo que o visual já está mostrando. Um visual, aliás, belíssimo e refinado, pois a direção de arte fez a bem-vinda opção de filmar cada década que o filme percorre imitando o mesmo estilo visual corresponde a cada época.

Tirando este aspecto, “A Incrível História de Adaline” flui agradavelmente, faz pensar e faz sonhar, proporcionando uma deliciosa viagem onírica cheia de fantasia. E ainda conta com dois coadjuvantes de grande luxo: Harrison Ford e Ellen Burstyn.

Experimente tapar ou ouvidos nas cenas narradas em off que o filme melhora.