“TRANSYLVANIA”, UM ROAD MOVIE À MODA ROMENA

Muitas vezes, incansáveis jornadas são empreendidas na busca daquilo que se considera o pote de ouro de nossas vidas. Porém, quando se chega ao final do arco-íris, percebe-se que o ouro é falso… mas que o ato da procura já valeu a pena. Ou, mais popularmente falando, é o chamado “atirar no que viu e acertar no que não viu”. É isso que acontece com Zingarina (Asia Argento, de “Terra dos Mortos”), personagem principal de “Transylvania”. Ela viaja da França até a Romênia (mais precisamente na região da Transilvânia, famosa pelas suas história do Conde Drácula), em busca de Milan (Marco Castoldi), que ela acredita ser o amor de sua vida. Mas logo percebe que o rapaz na verdade é uma grotesca decepção. Desesperada, Zingarina começa então uma nova jornada na sua vida, rompe com os laços de seu passado, e começa literalmente a viver o verdadeiro sentido de seu nome (Zingarina = Pequena Cigana). Pelo caminho, ela conhece Tchangalo (o turco Birol Ünel), talvez um parente distante do personagem que Selton Mello vive em “O Cheiro do Ralo”.
O diretor argelino Tony Gatlif, o mesmo de “Exílios”, enfatiza novamente um dos temas mais presentes no cinema europeu atual: os povos sem fronteiras, os exilados. A francesa Zingarina opta por um exílio voluntário na Romênia ao se desencantar com seu suposto namorado, ele próprio um romeno que estava exilado em Paris. E pelo caminho cai nos braços de um cigano errante que, para sobreviver, explora seu próprio povo, independente de nacionalidade. Drácula poder ser uma lenda, mas o vampirismo de Tchangalo é real. Tudo isso embrulhado numa bela embalagem de “road movie” estiloso, onde se destaca uma deliciosa trilha sonora repleta de belos temas folclóricos dançantes de uma Europa que aos poucos (ou aos muitos) vai se extinguindo e se globalizando.
Não por acaso, o filme ganhou o prêmio de melhor música no Festival de Flandres. Para ver de ouvidos e coração aberto.