TRISTE E BELO, “ENTRE VALES” ENFOCA A DOR DA PERDA.

Entre Vales
Por Celso Sabadin

Prepare-se. Mais do que um filme sobre a dor da perda, “Entre Vales” é um ótimo filme sobre a dor da perda. E, por isso mesmo, triste e angustiante. E belo.

Fora da ordem cronológica, o diretor Philippe Barcinski (que já havia realizado o também ótimo “Não por Acaso”) narra a história de um homem comum, Vicente (Ângelo Antonio), um analista financeiro bem sucedido nos negócios, mas nem tanto no amor: há algo de errado entre ele e a esposa Marina (Melissa Vetore), uma dentista que trabalha demais. Na ausência de Marina, Vicente é mais atrelado ao filho (Matheus Restiffe), com quem mantém uma relação de forte apego e proximidade.
Há uma perda, e a vida de Vicente se transforma radicalmente.

Usando o lixo como metáfora do que uma vida pode se transformar, “Entre Vales” é um filme de climas. Denso, pesado, profundamente dolorido e de uma introspecção que cala fundo na alma. Para isso, Barcinski conta com um excelente trabalho de todo o elenco, incluindo o garoto, que focaliza em angustiantes planos claustrofobicamente fechados, cores sisudas e luzes de pouco brilho. Novamente, a fotografia de Walter Carvalho é primorosa, principalmente nas belas cenas noturnas do centro de São Paulo.

Tudo forte e seco, como a dor da perda.

Coproduzido por Brasil, Uruguai e Alemanha, “Entre Vales” recebeu o Prêmio Itamaraty para o Cinema Sul-Americano e o Prêmio do Público no 8º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.