TUDO ACONTECE EM “PARIS”.

Virou rotina entre os críticos e cinéfilos chamar de “estilo Robert Altman“ misturar vários personagens que vivem histórias diferentes que, no decorrer da trama, podem ou não se cruzar. Para o bem ou para o mal, vamos lá: “Paris” é um filme “bem Robert Altman”. Com uma deliciosa diferença: o ponto de encontro e pano de fundo das histórias é a charmosíssima e multifacetada capital francesa.

Há um professor de história (Fabrice Luchini, de “As Aventuras de Molière”, excelente) que se apaixona por uma bela aluna (Melanie Laurent, que estará em “Inglorious Bastards”, o próximo filme de Tarantino). Um rapaz africano que quer trazer seu irmão camaronês para viver na cidade. Uma assistente social (Juliette Binoche, sempre ela) que se dedica ao máximo para ajudar seu irmão (Romain Duris, também de “As Aventuras de Molière”), portador de um grave problema cardíaco. A insuportavelmente racista proprietária de uma padaria (Karin Viard). Um grupo de simpáticos feirantes. Enfim, toda uma gama de personagens que transpiram veracidade e sensibilidade. Fala-se de amizade, amor, fraternidade, paixão, solidão e – claro – imigração, tema dos mais recorrentes no cinema europeu dos últimos anos.

Como é tradição do cinema francês, os personagens são muito bem construídos e as interpretações, espetaculares. Finas camadas de relações humanas se sobrepõem em situações que unem o trágico, o cômico e o romântico. A lamentar somente uma grande “barriga” (momento em que o filme para de fluir, tornando-se cansativo) um pouco antes de seu final. O roteirista e diretor Cédric Klapish (o mesmo de “Albergue Espanhol” e “Bonecas Russas”) não precisava de todos aqueles 130 minutos para contar bem as suas histórias. O que, felizmente, não chega a tirar os méritos desta terna homenagem a Paris que teve 3 indicações ao César e levou mais de 1,7 milhão de franceses aos cinemas.