“TUDO PELO PODER” FAZ ANÁLISE DEVASTADORA SOBRE OS BASTIDORES DA POLÍTICA.
Seria muito difícil, quase impossível, que George Clooney, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Philip Seymour Hoffman e Paul Giamatti, atores conhecidos pelas suas sempre marcantes atitudes políticas, embarcassem, todos juntos, num projeto cinematográfico que não fosse, no mínimo, ótimo. E não embarcaram mesmo: “Tudo pelo Poder” é excelente. Certamente um dos melhores roteiros do ano. Daqueles que convém falar muito pouco, quase nada, para não estragar as surpresas. Que são muitas.
“Tudo pelo Poder” fala sobre os bastidores de uma eleição fictícia. Não, nada de Republicanos contra Democratas. Desta vez, são os Democratas contra… eles mesmos. O fio condutor da trama é Stephen (Ryan Gosling), coordenador de imprensa da campanha do governador Mike Morris (George Clooney), que disputa a indicação de seu partido (Democrata) para a presidência dos EUA. No roteiro, adaptado da peça de Beau Willimon, esta indicação asseguraria a Mike praticamente a própria presidência, já que as pesquisas mostram que o candidato Republicano não teria chances na disputa. Traçado este panorama, o filme monta com incrível talento um intrincado jogo de aparências, traições, seduções e armadilhas que justificam plenamente o título em português. E é melhor não dizer mais nada sobre a história.
Vale dizer sim que, além do magnífico roteiro e das interpretações de encher os olhos, “Tudo pelo Poder” prima ainda pela elegância da direção de George Clooney, aqui em seu quarto trabalho como diretor, depois de “Confissões de uma Mente Perigosa”, “Boa Noite, Boa Sorte” e “O Amor não tem Regra”.
O filme é uma aula de cinema para roteiristas e cineastas que ainda insistem em utilizar a metódica e didática narração em off para explicar, verbalmente, aquilo que não conseguem narrar cinematograficamente. Tudo acontece no tempo exato, mostrando e escondendo fatos e mentiras nas proporções exatas, colocando o público para participar junto da trama, quase como um coadjuvante, e não apenas como um mero espectador e “escutador” do que é falado em off.
Clooney prova que, com talento, não há nada que a riqueza da linguagem do cinema não possa estampar nas telas. E ainda por cima o sujeito é bonito e simpático. Provavelmente deve ter mau hálito.

