“UM BANHO DE VIDA”: POR QUE NÃO?

Por Celso Sabadin.
 
E por que não? O cinema franco-belga, rotulado (muitas vezes exageradamente) como sendo intelectualizado e hermético, também tem todo o direito de fazer os seus filmes tipo “séance de l’après-midi”. Ou Sessão da Tarde, como nós acabamos rotulando aquele tipo de produção cinematográfica realizada com o objetivo maior de apenas entreter. Entreter, sim, mas “avec élégance”, como faz este simpático “Um Banho de Vida”.
 
Aqui, o ponto de partida é o conhecido mau humor francês, aquele estado de permanente depressão que é uma das marcas registradas da cultura do país de Astérix. O protagonista é Bertrand (o sempre ótimo Mathieu Amalric), quarentão que vive um sério momento de baixo astral e ânimo para nada. A solução pode estar num sonho tão maluco quanto improvável: ingressar num time de nado sincronizado masculino e – por que não? – tentar ganhar importantes competições internacionais. Um objetivo bem ambicioso… principalmente para quem nem sabe nadar.
 
Óbvio que não faltarão detratores que classificarão “Um Banho de Vida” como “filme de autoajuda”, um pouco na linha do conhecido “Jamaica Abaixo de Zero” (que também vivia passando na Sessão da Tarde). Mas… por que não? Corroteirizado e dirigido por Gilles Lelouch (mais conhecido como ator em “Gibraltar”, “Assim é a Vida”, “Até a Eternidade” e outros), “Um Banho de Vida” acabou fazendo um bom sucesso na França, onde foi indicado para 10 prêmios César. Nada mal para uma Sessão da Tarde.