“UM DESASTRE DE ARTISTA”, A AUTOCRÍTICA AMERICANA DE JEFF DANIELS.

Por Celso Sabadin.
 
“Um Desastre de Artista” (não confundir com “Artista do Desastre”, de 2017) tem nome de comédia, mas é um drama. Dos bons, aliás. O título original – “Guest Artist” – refere-se a Joseph Harris (Jeff Daniels), um dramaturgo decadente nova-iorquino convidado para um evento numa pequena cidade no interiorzão dos EUA.
Na verdade, ele aceita participar do tal evento para fugir de suas responsabilidades em Nova York, posto que o alcoolismo que desenvolveu nos últimos 20 anos o impede de trabalhar e de cumprir seus compromissos. Chegando à cidadezinha, Joseph é recepcionado por Kenneth (Thomas Macias, nome relacionado ao teatro, aqui estreando aqui em cinema), um jovem entusiasmado por artes cênicas que tem no velho dramaturgo a sua grande fonte de inspiração.
 
A partir deste encontro, o filme sinaliza que trilhará pelos caminhos tradicionais dos embates verbais entre a decepção cínica do talento decadente contra o entusiasmo ingênuo e vigoroso da juventude emergente (como já foi feito em vários filmes, alias). O que é verdade, mas não totalmente.
 
Sem esconder suas origens teatrais (o filme é baseado em uma peça alegadamente inspirada numa situação real), “Um Desastre de Artista” aposta suas fichas em diálogos afiados e em – quase – um único espaço cênico, mas surpreende em seus momentos finais, principalmente pela raríssima (eu diria até inédita) autocrítica que faz contra a própria sociedade norte-americana. E é melhor não dizer mais nada, para não dar spoiler.
 
“Um Desastre de Artista” é – até o momento – a única direção cinematográfica de Timothy Busfield, especializado em telefilmes e minisséries de TV. O roteiro é do próprio Jeff Daniels.
Premiado em vários festivais de cinema independente, o longa estreia neste 11 de novembro na plataforma www.cinemavirtual.com.br