“UM DIVÃ NA TUNÍSIA”: MORDAZ E DIVERTIDO.

por Celso Sabadin

Após passar uma temporada em Paris, a psicanalista Selma (interpretada pela iraniana Golshifteh Farahani, de “Procurando Elly” e “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”) volta à sua Tunísia natal decidida a montar seu próprio consultório.

Sua tarefa não será nada fácil: além de enfrentar os preconceitos (pateticamente) naturais de quem ainda acredita que psicanálise “é coisa pra maluco”, Selma terá de encarar a burocracia local e – pior – a total descrença de sua comunidade para com as mulheres. Principalmente as solteiras. Tenham elas a profissão que tiverem.
Todas estas questões (e mais algumas) são conduzidas com humor e leveza – mas sem perder o senso crítico – pela roteirista e diretora estreante Manele Labidi.

Indicado ao César de melhor filme de estreia, “Um Divã na Tunísia” pode ser visto de duas maneiras diferentes: como uma comédia despretensiosa que satiriza os preconceitos machistas, ou como mais um filme de tendência neocolonialista que carrega impregnada a mensagem que “em Paris é tudo melhor”, se comparado aos países de cultura árabe. Afinal, vale lembrar que o filme é uma coprodução franco-tunisiana, envolvendo dez produtoras e produtoras associadas, sendo 9 delas francesas e uma tunisiana. E a diretora, de ascendência árabe, nasceu em Paris.
Talvez a melhor solução seja ver o filme da mesma forma que a sua protagonista: com humor e leveza, mas sem perder o senso crítico. Jamais.

Curiosidade: em Portugal, o título do filme é “Antidepressivo Árabe”.