“UM DOCE REFÚGIO”, OU A VIDA SEM SAIR DO QUINTAL.  

Por Celso Sabadin.

 “Um Doce Refúgio” trata de uma das mais recorrentes dicotomias do homem urbano contemporâneo: aquela vontade de largar tudo e viver intensamente a natureza… desde que com todos os confortos da vida moderna, claro. O protagonista é o artista gráfico Michel (Bruno Podalydès), sujeito entediado pelo cotidiano de seu serviço e pela mesmice de sua vida familiar ao lado da esposa Rachel (Sandrine Kiberlain). Ele é fascinado por aviões, principalmente pelo serviço postal aéreo francês, mesmo sem nunca ter pilotado um avião. Travado demais para entrar de cabeça em seus sonhos, Michel encontra um “meio termo”: empreender uma aventura de caiaque. Desde que seja num riacho perto de casa e municiado dos mais improváveis equipamentos que lhe garantam toda a segurança possível. Ao se acostumar a viver a vida pela metade, ele desenvolveu um forte medo do imponderável e do imprevisível. Neste mundo de seguranças falseada e fabricadas, quem poderia atirar a primeira pedra em Michel?

Além de interpretar o papel principal, Bruno Podalydès também roteiriza e dirige o filme, como já havia feito em “Adeus Berthe: O Enterro da Vovó”. E novamente atua ao lado do irmão Denis. Com simplicidade e um misto de romantismo e comicidade, “Um Doce Refúgio” toca em temas bastante pertinentes. Desilusões, segundas chances, a retomada do tempo perdido, fugas possíveis e impossíveis, há um pouco de tudo. Com delicadeza e sem muita profundidade, mas com o necessário carisma para causar empatia e buscar a reflexão. Uma espécie de “road-movie” sem a estrada… mas com um riachinho.

A estreia é nesta quinta, 6 de outubro.