“UM EVENTO FELIZ” ABORDA A MATERNIDADE COM CHARME E TERNURA.

Desde “O 5º Elemento”, com reforço de “O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain”, os franceses vêm aprimorando um novo filão dentro de sua cinematografia : fazer filmes que flertam com o estilo norte-americano. Utilizando inclusive o idioma bretão, em casos mais extremos. Afinal, o mercado se globalizou, ninguém é contra ganhar dinheiro, e certamente não é possível ficar para sempre empacado na estética de uma Nouvelle Vague que foi inovadora há 60 anos.

“Um Evento Feliz” segue esta linha que, ao contrário do que possam pensar alguns, não é demérito para ninguém. Até porque os franceses, mesmo quando se inspiram nos modelos americanos, sempre conseguem imprimir em seus filmes um charme a mais, um tempero a mais.

“Um Evento Feliz” fala sobre a inesquecível experiência que o nascimento do primeiro filho significa para um jovem casal. Pode parecer pouco, mas não é. A partir do livro de Eliette Abecassis, o diretor Remi Bizançon (de “O Amor Está no Ar”) envolve carinhosamente o seu público narrando com simpatia e sensibilidade as etapas que permeiam o tal evento feliz do título. A descoberta da gravidez, as infelizes intervenções das sogras disfuncionais que invadem a vida do casal, a escolha do nome, exames médicos, medos, inseguranças, crises, paixões e emoções. Está tudo ali, de forma real e clara, pintado talvez com as cores edulcoradas de um belo casal que habita uma bela França e seu imaginário romântico.

Diálogos ágeis e divertidos fazem o contraponto dos momentos de maior tensão, ao mesmo tempo em que uma leveza na direção fazem de “Um Evento Feliz” um programa atrativo para ser ver a dois (apesar de alguma desnecessárias e redundantes narrações em off). Principalmente se estes “dois” têm ou pretendem ter filhos.

Em sua estrutura básica, só se percebe que o filme não é americano primeiro porque os atores não falam inglês, e segundo porque eles fazem amor sem roupa, coisa que todos nós sabemos que um americano jamais faria no cinema…