“UMA FAMÍLIA NORMAL” E A DOENTIA INDIFERENÇA DE UMA CASTA.
Por Celso Sabadin.
Dentro de sua estratégia de conquistar cada vez mais os diversos mercados internacionais, o cinema sul-coreano também lança mão do recurso do remake. Estreia esta semana nos cinemas brasileiros o drama (ou seria dorama?) sul-coreano “Uma Família Normal”, mais que um simples remake, um tetra-make.
É a quarta vez que o livro “O Jantar” do holandês Herman Koch, ganha uma adaptação para as telas, depois do também holandês “Het Diner” (2013), do italiano “I Nostri Ragazzi” (2014) e do estadunidense “The Dinner” (2017).
Justifica-se uma quarta versão em tão pouco tempo? Pior é que sim. E tal justificativa vem do fato do tema do longa ser cada vez mais urgente e perturbador: a doentia indiferença de uma parcela da população jovem sobre temas absolutamente vitais.
“Uma Família Normal” é sobre duas famílias de classe alta encabeçadas por dois irmãos, sendo um médico e um advogado. Protegidos por suas instransponíveis bolhas de riqueza, seus valores morais são colocados em xeque (ou talvez neste caso, em cheque) com a viralização de um vídeo que mostra o assassinato real de uma pessoa em situação de rua. Para os socialmente favorecidos, este seria o tipo de assunto do qual eles sequer tomariam conhecimento… não fossem seus próprios filhos os suspeitos do crime.
Começa assim um filme de estilo e estética bastante clássicos e convencionais (impossível não associá-lo ao jeitão netflix de fazer cinema), mas difícil de ser ignorado, em função do seu tema lancinante, cruel e atual.
A direção é de O diretor Hur Jin-ho (o mesmo de “Natal em Agosto” (1998), “Um Belo Dia de Primavera” (2001) e “A Última Princesa” (2016), entre outros), com roteiro de Park Joon-seok e Park Eun-kyo a partir do livro de Herman Koch.