“UM FILHO”: ALERTA TENSO E NECESSÁRIO.

Por Celso Sabadin.
É como se fosse uma espécie de trilogia informal de obras independentes criada pelo escritor, dramaturgo e cineasta francês Florian Zeller. Em 2010, Zeller estreia sua peça teatral “The Mother”, até o momento sem previsão de ser adaptada para o cinema. Dois anos depois, em 2012, ele leva “The Father” para os palcos, sucesso que ganha duas adaptações para as telas: “A Viagem de Meu Pai”, de Philippe Le Guay, e “O Pai”, dirigido pelo próprio Zeller. E em 2018 chega ao teatro a peça “The Son”, cuja adaptação cinematográfica, novamente dirigida por Zeller, estreou nos cinemas brasileiros nesta última quinta-feira, 23/03, como “Um Filho”.
Deixando claro que “Um Filho” e “Meu Pai”, embora tragam um personagem em comum, não estão necessariamente atreladas, dramaturgicamente.
“Um Filho” narra o drama familiar em que mergulha o publicitário Peter (Hugh Jackman) ao descobrir que Nicholas (estreia do australiano Zen McGrath), seu filho adolescente, sofre de depressão e tem tendências suicidas. A notícia cai como uma bomba não apenas para o desavisado pai, como também para Kate (Laura Dern), a mãe de Nicholas, e Beth (Vanessa Kirby), a atual esposa de Peter. São duas famílias – uma em processo de desmonte, e outra em rota de construção – que repentinamente entram num dolorido turbilhão de medos, desesperos e culpas profundas.
Tangencialmente, Anthony (participação especial de Anthony Hopkins), pai de Peter, entra na trama como uma espécie de “explicação psicológica” destas conturbadas relações familiares. Sim, trata-se do mesmo ator e do mesmo nome do personagem de “Meu Pai”.
Com direção do próprio Florian Zeller, “Meu Filho” carrega uma aguda carga dramática aliada a uma direção ao mesmo tempo sóbria e intensa. Jamais escorrega para o dramalhão, e vale como um importante alerta para as relações familiares, principalmente as que envolvem pais e filhos.
Denso e tenso, “Um Filho” é uma coprodução França/Reino Unido, e foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Veneza. Também rendeu a Hugh Jackman uma indicação ao Globo de Ouro de ator.