“UM MILHÃO DE MANEIRAS DE PEGAR NA PISTOLA” ALTERNA BONS E MAUS MOMENTOS.

Desde que o trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker) começou a perder o fôlego, ficamos órfãos de um dos sub-gêneros preferidos dos cinéfilos: a comédia que faz humor sobre o próprio cinema. Há tempos o cinema não nos brinda com comédias memoráveis deste tipo, como “Apertem os Cintos o Piloto Sumiu”, “Top Gang” ou “Top Secret”.

Não será com “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola” que o fã deste estilo de filme finalmente reviverá os tempos áureos do ZAZ, mas pelo menos esta estreia tem um ponto positivo: ela está anos luz à frente das atrocidades que os Wayans cometeram neste sub-gênero, como “Todo Mundo em Pânico” e similares. O que, convenhamos, também não é muito difícil.

Escrito, dirigido e interpretado por Seth MacFarlane (autor de “Ted” e roteirista de vários desenhos animados de sucesso), “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola” fala do amedrontado cowboy Albert (o próprio MacFarlane), disposto a tudo – ou quase – para recuperar sua namorada Louise (Amanda Seyfried), que o trocou pelo bem sucedido empresário Foy (Neil Patrick Harris). Nesta busca pelo amor perdido, ele vai contar com a ajuda da bela Anna (Charlize Theron, ótima) uma mulher de atitude e coragem que entrará definitivamente na vida do acovardado herói.

“Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola” busca o humor através de, basicamente, dois caminhos: satirizar os clichês dos westerns tradicionais e apelar para a baixaria. O primeiro caminho é bem sucedido, com boas piadas rápidas, situações cômicas interessantes e gags visuais de impacto. A brincadeira que perpassa todo o roteiro, dizendo que “no velho oeste tudo o que não é você é algo que quer matar você” funciona bem em todas as suas variações. A trilha sonora de Joel McNeele (uma espécie de compositor “Série B” dos Estúdios Disney), seguindo o estilo dos clássicos do gênero, é um dos pontos altos do filme, que também demonstra muita competência na direção de grandes cenas de ação e na fotografia que busca referências em John Ford.
Destaque também para Liam Neeson como um vilão de sotaque irlandês.

Já o segundo caminho, o de apelar para a baixaria, sempre há quem goste. O que não é o caso desde que vos escreve. Pelo contrário, o apelo gratuito acaba contaminando o que o filme tem de realmente inteligente.

Não se pode querer tudo.