UM PRESENTE CHAMADO “TODOS OS PAULOS DO MUNDO”.

Por Celso Sabadin.

Que filme mais lindo do mundo é este “Todos os Paulos do Mundo”!  Tudo bem que seria difícil não fazer um trabalho emocionante ao documentar a vida e a obra de Paulo José, justamente um dos atores mais emocionantes da história do cinema brasileiro. Mas sem dúvida a dupla Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira acertou em cheio tanto no roteiro como na direção e na própria concepção do projeto.

Com muita sensibilidade, “Todos os Paulos do Mundo” traça um amplo e apaixonante painel biográfico de Paulo José no cinema, na televisão e na vida. O texto é do próprio biografado, mas com um diferencial: ele é narrado não apenas na sua própria voz, como também nas vozes de grandes astros e estrelas que conviveram e convivem, que contracenaram e contracenam com Paulo.  Entre eles, Matheus Nachtergaele, Fernanda Montenegro, Joana Fomm, Milton Gonçalves e tantos outros. A (ótima) ideia potencializa a dimensão do registro, que ganha, assim, ares de merecidíssima homenagem, ao mesmo tempo em que dispensa depoimentos convencionais.

São 29 trechos de filmes e mais 9 arquivos sonoros que escancaram na tela a grandeza e o talento do ator. Como deve ter sido difícil cortar tanta qualidade para fazer com que tudo coubesse na tímida dimensão temporal de um longa metragem! Como deve ter sido difícil descartar! Mesmo porque, além da carreira propriamente dita, Paulo José brinda o público com ricas reflexões sobre a arte de atuar (desmistificando-a, claro, com é de suas costumeiras sinceridade e simplicidade), e sobre o Parkinson que o acometeu, ao qual ele atribui o mérito de ter lhe ensinado a abandonar a arrogância. Mesmo sendo impossível imaginar um Paulo José arrogante.

Se, como diz o próprio Paulo, “o Brasil faz o melhor cinema brasileiro do mundo”,  vale dizer que “Todos os Paulos do Mundo” faz o melhor documentário sobre Paulo José do mundo. À altura do seu biografado.

A estreia é em 10 de maio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A carreira de Paulo José contada em forma de poesia. O documentário “TODOS OS PAULOS DO MUNDO”, dirigido por Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, traz um panorama da trajetória de um dos maiores atores dos palcos e das telas do Brasil. O filme será exibido durante a Mostra Internacional de Cinema de SP e contará com a presença do ator, que será homenageado pelo festival.

 

Produzido por Vania Catani, da Bananeira Filmes, e distribuído pela Vitrine Filmes, o longa mistura imagens de arquivo da extensa carreira de Paulo com momentos atuais, navegando por  estilos diversos de documentário sem a preocupação da biografia estrita, numa relação poética livre entre Paulo José, seu legado material e seu autorretrato verbal, mediado pelos realizadores.

 

Presente no imaginário brasileiro desde os anos 60, os personagens de Paulo José incorporam as inúmeras tradições e contradições do caráter nacional, dessa maneira, além de um documento sobre o artista, “TODOS OS PAULOS DO MUNDO” lança uma visão sobre o passado recente do Brasil. Ator símbolo dos tempos que atravessou, é, ao mesmo tempo, testemunha e agente das transformações acontecidas no último meio século da nossa história.

 

Ele traduziu tanto a imagem do espírito livre dos anos 60 (nos filmes com Domingos de Oliveira, Todas as Mulheres do Mundo e Edu, Coração de Ouro) quanto a ressaca do golpe militar e a incorporação do desespero pós-AI-5 (em A Vida Provisória, de Maurício Gomes Leite, e A Culpa, também de Domingos); acompanhou todos os movimentos do cinema brasileiro, da paródia “chanchadesca” de Cassy Jones, o Magnífico Sedutor (de Luis Sérgio Person),  aos dramas da era Embrafilme (como em O Rei da Noite, de Hector Babenco); esteve no coração da Retomada nos anos 90, e seguiu trabalhando com uma nova geração de realizadores surgidas nos anos 2000; com gosto pelo popular, transmitiu da alegria do Shazam, Xerife & Cia ao pesar do Orestes de “Por Amor” para milhões de brasileiros na televisão, onde, ainda, dirigiu inúmeros programas definidores do meio e cuja influência estética e conceitual se sente até hoje;

 

 

 

SINOPSE

 

Paulo José é um ícone brasileiro. O talento sem igual, a voz inconfundível, o carisma e a versatilidade acompanham as seis décadas de sua trajetória como ator, diretor e pensador do país. “TODOS OS PAULOS DO MUNDO” narra a vida e a obra do maior ator do cinema brasileiro através dos que viveu e das reflexões que Paulo José, há vinte cinco anos personagens convivendo com o Mal de Parkinson, consegue articular ainda hoje, às vésperas de seu aniversário de 80 anos. Diante da perda da voz, um artista que insiste em falar e que encontra em “TODOS OS PAULOS DO MUNDO” a caixa amplificadora de seu verbo para o mundo.

 

 

SOBRE OS DIRETORES

 

GUSTAVO RIBEIRO é montador e diretor de cinema e televisão. Vive em São Paulo, Brasil. Formou-se em cinema na FAAP, em 2001, e fez cursos de especialização em montagem na EICTV, Cuba, e na Escola Superior de Desenho e Imagem em Barcelona. Trabalhou em muitos filmes como produtor de finalização, e tem larga experiência como montador de documentários. Após anos na montagem, estreou na direção em 2015, com o curta-metragem “Pássaros na Boca”, e co-dirigindo a série documental “A Vaga”, para a HBO. Seus próximos projetos como diretor são o documentário de longa-metragem “Som, Sol e Surf”, sobre o festival de surf e música que ocorreu em Saquarema em 1976, a ser filmado no segundo semestre de 2016; e o documentário de longa-metragem “Marcelo Bratke – Visão da Música”, sobre o pianista Marcelo Bratke, em fase de desenvolvimento e captação.

 

RODRIGO DE OLIVEIRA é crítico e cineasta. Formado em Cinema pela Universidade Federal Fluminense, é redator da Revista Cinética. Em 2010, Rodrigo escreveu o livro “Diário de Sintra – Reflexões sobre o filme de Paula Gaitán”. É autor do roteiro de “Exilados do Vulcão”, de Paula Gaitán, prêmio de Melhor Filme no Festival de Brasília 2013. Em 2012, Rodrigo escreveu e co-dirigiu seu primeiro longa de ficção, “As Horas Vulgares”, lançado na prestigiada Mostra de Tiradentes com sucesso de crítica, e teve sua estreia comercial nos cinemas brasileiros em junho de 2013. “Teobaldo Morto, Romeu Exilado”, seu segundo longametragem, participou do 14º Foro de Coproducción do Festival de Huelva, na Espanha, e teve lançamento na mesma Mostra de Tiradentes, em janeiro de 2015 e chegou às salas de cinema em abril de 2016. Seu primeiro trabalho em curta-metragem, “Eclipse Solar”, recebeu o Prêmio Aquisição Canal Brasil na Mostra de Tiradentes de 2016. Atualmente desenvolve o roteiro de “Fuga em Ré Menor”, com Luiz Pretti, aprovado no edital do Prodav 05/2015 do Fundo Setorial do Audiovisual.

 

 

SOBRE A BANANEIRA FILMES

 

Fundada em 2000 pela produtora Vania Catani, a Bananeira Filmes é uma das mais prestigiadas empresas produtoras de cinema no Brasil, onde a característica principal são os filmes de grande rigor artístico. Produziu mais de 20 longas e cinco curtas em 15 anos de existência. Somados, seus filmes já foram exibidos em mais de 250 festivais em 40 países e receberam mais de 160 prêmios.

 

Entre eles, destaque para Narradores de Javé, com direção de Eliane Caffé, e A festa da menina morta, de Matheus Nachtergaele, selecionado no Festival de Cannes em 2008; O Palhaço, do diretor Selton Mello, que levou mais de 1,5 milhão de pessoas e foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro.

 

Em 2016, a Bananeira lançou o suspense Mate-me por favor, primeiro longa da diretora carioca Anita Rocha da Silveira, que teve estreia mundial no Festival de Veneza. Para 2017, está previsto Deserto, de Guilherme Weber, selecionado para a competição do Festival de Brasília e O Filme da minha vida, terceiro longa de Selton Mello baseado no livro Um pai de cinema, do chileno Antonio Skármeta.

Suas coproduções La playa (Colômbia), El Ardor (Argentina) e Jauja (Argentina), tiveram estreia internacional no Festival de Cannes – a próxima muito aguardada é Zama (Argentina), da argentina Lucrecia Martel (O Pântano).

 

 

SOBRE A VITRINE FILMES

 

Em sete anos, a Vitrine Filmes distribuiu mais de 70 filmes. Entre seus maiores sucessos estão Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que competiu no Festival de Cannes e levou mais de 350 mil pessoas aos cinemas brasileiros; O Som Ao Redor, primeiro longa de ficção de Kleber, considerado pelo New York Times um dos melhores filmes de 2012; Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, que alcançou mais de 200 mil espectadores; o americano Frances Ha, dirigido por Noah Baumbach, indicado ao Globo de Ouro em 2014; Califórnia, filme de estreia de Marina Person, selecionado para o Festival de Tribeca; Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert; e o documentário Cinema Novo, de Eryk Rocha, também selecionado para o festival.