“UMA CARTA PARA PAPAI NOEL”, FORMANDO PLATEIAS BRASILEIRAS.
Por Celso Sabadin.
Há poucos dias teci uma rápida crítica positiva, aqui mesmo neste site, elogiando o fato do filme brasileiro “Eu Sou Maria” não subestimar a inteligência de seu público, o adolescente.
Muito feliz, teço agora o mesmo elogio, também para um filme brasileiro, mas direcionado a outro público. Estreando nos cinemas nesta quinta-feira, 17/12, “Uma Carta para Papai Noel” tem o grande mérito de tratar com dignidade, afeto e carinho o público infantil ao qual ele se destina.
Ambos os longas carregam a grande importância de apresentar produtos audiovisuais brasileiros os jovens, prestando assim um serviço inestimável para o nosso cinema em particular e para a nossa cultura em geral: a formação de plateia.
Com ingênua doçura, humor e suave simplicidade, “Uma Carta para Papai Noel” mostra um grupo de crianças de uma casa de acolhimento infantil que jamais ganham presentes de Natal. Inconformado com a situação, o pequeno Jonas (Caetano Rostro Gomes, um verdadeiro achado) decide escrever a tal carta que dá nome ao filme, perguntando ao Bom Velhinho se ele está bem, ou se ele tem algum problema que o impeça de entregar os presentes. Não é uma cobrança, mas uma preocupação legítima.
Ao receber a carta, Papai Noel (José Rubens Chachá, eficiente como sempre) se sente valorizado, pois nunca antes na história do Polo Norte criança alguma havia lhe escrito com outra intenção, a não ser de lhe pedir presentes. O caso dos brinquedos nunca entregues, porém, precisará ser investigado.
De acordo com Gustavo Spolidoro, o diretor do longa,“tentei trazer a minha criança interior para tudo dentro do filme, torcendo para que as crianças de hoje, quarenta anos depois, ainda guardem alguns dos mesmos encantamentos que eu tive na minha infância. Criar esse mundo lúdico e encantado foi a parte mais divertida do projeto e a mais desafiadora também. Eu sabia que o universo proposto pelo roteiro precisava de mais e mais camadas criativas vindas das outras áreas”, conclui.
Com roteiro de Gibran Dipp e do próprio diretor, “Uma Carta para Papai Noel” tenta se encaixar na gigantesca lacuna de bons longas brasileiros natalinos, mercado dominado praticamente com exclusividade pelo filme estrangeiro, de imensa tradição neste gênero.
Iniciativa das mais louváveis para um país que não aguenta mais só ver especiais de Roberto Carlos, nesta época do ano.
Também no elenco Totia Meirelles, Mariana Lopes, Lívia Borges Meinhardt, Theo Goulart Up, Cecilia Guedes, Polly Marinho, Elisa Volpatto e Daniel de Castro Alves Pinto.
“Uma Carta para Papai Noel” estreia em cinemas de São Paulo, Santa Cruz do Sul, Porto Alegre, Vitória, Mossoró, Brasília, Rio de Janeiro, Maringá, Pelotas, São Leopoldo, Londrina, Joinville, Caxias do Sul, Balneário Camboriú, Alfenas, Altamira, Araras, Bragança Paulista, Marabá, Mineiros, Pouso Alegre, Rio Verde, Serra Talhada, Fortaleza, Aparecida de Goiânia, Belém, Jundiaí, Natal, Maceió, Nova Prata, Erechim, Bento Gonçalves, Blumenau, Santa Maria, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Florianópolis, Petrópolis, Angra dos Reis, Resende, Macaé, Tubarão, Volta Redonda, Canoas, Curitiba, Guarulhos, Belo Horizonte, Recife, Niterói, Campinas, São José dos Campos, Osasco, Vila Velha, Contagem, Nova Friburgo, Itajubá e Lorena.
Quem é o diretor
Gustavo Spolidoro dirigiu e roteirizou 21 curtas e médias e 5 longas, tendo recebido mais de 70 prêmios no Brasil e exterior e participado de festivais como Berlim, Rotterdam e Sundance. Seu primeiro curta, VELINHAS, participou da Mostra Panorama, no Festival de Berlim (1999). Recebeu duas vezes o GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO (considerado o Oscar do cinema nacional), pelos curtas OUTROS (2000) e DE VOLTA AO QUARTO 666 (2010 –que tem como “ator” o diretor alemão Wim Wenders). Seu curta INÍCIO DO FIM (2005) recebeu 16 prêmios e participou de festivais como Rotterdam e Sundance.
É diretor e roteirista do premiado longa, AINDA ORANGOTANGOS (2007). Desde 2015, seus principais trabalhos são pensados para um público jovem e para a família: a série ERNESTO, O EXTERMINADOR DE SERES MONSTRUOSOS, no ar na TV Brasil; a série A VELHA HISTÓRIA DO MEU AMIGO NOVO, na TV Brasil; e a série FORMIGAS, na TVE.
Em 2021, estreou o filme OS DRAGÕES, no Festival do Rio.


