“UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA OUTRA” É POÉTICO E VIGOROSO

Árabes, judeus, Israel, Palestina, atentados… a simples menção destas palavras – juntas ou em separado – já é suficiente para criar no imaginário coletivo cenas de terríveis filmes bélicos. E não sem motivo. Porém, Vidi Bilu e Dalia Hager, duas roteiristas/diretoras praticamente estreantes no cinema, resolveram enfocar um outro lado deste conflito. Um ponto de vista eminentemente humano, jovem e feminino, centralizado em duas adolescentes protagonistas do sensível “Uma Juventude como Nenhuma Outra”.
Neste belo filme, Smadar e Mirit são duas garotas israelenses de 18 anos de idade que muito a contragosto cumprem o serviço militar em Jerusalém. A tarefa delas não é das mais difíceis: patrulhar as ruas da cidade, com ordem para deter e cadastrar qualquer pessoa que se assemelhar a um palestino. Mas o serviço que, a princípio, sugere uma certa dose de facilidade, aos poucos esbarra numa dificuldade intrínseca das protagonistas: o simples desejo de ser adolescente. Como toda garota, Smadar e Mirit querem ver vitrines, arrumar os cabelos, passear, tomar sorvete, paquerar, enfim, viver. E não rastrear suspeitos pelas ruas de uma cidade que pode explodir a qualquer momento. É sobre os conflitos de uma geração de mulheres obrigadas a entrar prematuramente num mundo violentamente adulto e militarizado que o filme sustenta a sua força dramatúrgica. Com resultados ao mesmo tempo vigorosos e poéticos.
Amizades, traições, inveja, amores… todo o universo feminino adolescente está na tela. Mas de coturno e roupa de guerra que sempre tentam esconder os mais profundos sentimentos humanos. Sempre tentam, e – felizmente – nunca conseguem. “Uma Juventude como Nenhuma Outra”.é um oásis de sensações dentro do cruel deserto instalado no conflito entre árabes e judeus.