“UMA RELAÇÃO DELICADA” ALERTA SOBRE A QUESTÃO DO IDOSO.

Por Celso Sabadin.

Grande sucesso editorial, o romance “Pilátus”, da escritora húngara Magda Szabó, já foi traduzido para mais de dez idiomas. Adaptá-lo para o cinema era nada menos que inevitável. Certamente um dos fatores do sucesso do livro se deve ao fato dele retratar uma situação – infelizmente – das mais comuns, nas mais diversas famílias, dentro das mais diferentes culturas.

No filme “Uma Relação Delicada”, adaptado do romance “Pilátus”, a médica Iza (Anna Györgyi) decide resolver todos os problemas de sua mãe Anna (Ildikó Hámori), que acaba de perder o marido. Ela só não perguntou se Anna queria ter seus problemas resolvidos. Muito menos se importou em saber o que, para sua mãe, seria ou não um problema.

A forma invasiva que vários filhos, filhas e parentes diversos tratam seus idosos em situação de fragilidade, principalmente após a morte de um ente querido próximo, é abordada com muita dor e competência em “Um Relação Delicada”. Talvez uma parcela do público que nunca tenha passado por isso possa achar as situações do filme exageradas ou até mesmo caricatas, mas quem já vivenciou algo parecido certamente vai se identificar. Sob o pretexto do “amor”, a prepotência se traveste de falso carinho e se arvora ao direito de atropelar e comandar ditatorialmente as sensibilidades dos idosos, tudo sob os mais variados pretextos que na realidade só atendem às necessidades imediatas do invasor. Diante da cruel justificativa da praticidade contemporânea, a História se apaga, os sentimentos se sufocam, os idosos se anulam.

Uma paleta de cores severas e uma luz baixa sublinham o clima do filme, que é conduzido com segurança e sensibilidade pela diretora Linda Dombrovszky, neste que é seu primeiro longa de ficção. Produzido pela Hungria “Uma Relação Delicada” ganhou vários prêmios no Festival de Milão e foi selecionado entre os melhores da 44. Mostra de São Paulo.
Disponível na plataforma www.cinemairtual.com.br a partir de 17 de junho.