“URUGUAI NA VANGUARDA” É DE MATAR. DE INVEJA.

Por Celso Sabadin.
 
Muitas vezes, na tentativa de buscarmos algum tipo de “consolo” para a terrível situação que estamos vivendo neste Brasil de 2019, recorremos ao chamado “panorama internacional”. Ou seja, tentamos justificar a nossa injustificável situação interna dizendo que o mundo todo deu uma guinada para a direita. Coisas como “Olha o Trump”, por exemplo. Triste engano. Estreando esta semana apenas no Rio de Janeiro (Estação NET Botafogo 2 e Cine Santa) o documentário
 
“Uruguai na Vanguarda” mostra que é possível, sim, construir um país melhor, mais justo e mais humano mesmo em meio a atual situação de barbárie vivida por boa parte do planeta. E aqui do nosso ladinho. Acompanhar os avanços sociais e humanista que fizeram o país de José “Pepe” Mujica ser chamado de “Suíça das Américas” é de matar qualquer brasileiro de inveja. Ou, pelo menos, qualquer brasileiro lúcido.
“Uruguai na Vanguarda” entrevista cientistas políticos e sociais, historiadores, ativistas, educadores, políticos e artistas para investigar como o pequeno país acabou se tornando este oásis humanista encravado na América do Sul.
 
Os depoimentos remontam às raízes históricas da primeira metade do século XX, quando se firmou o estado laico no Uruguai e criaram-se as bases de uma sociedade reformista e progressista, passa pela ditadura civil-militar dos anos 70 e 80, verifica o lastro de resistência criado no período, e desagua nos movimentos sociais criados a partir da década de 1980 que resultaram em tudo aquilo que queríamos, estávamos quase conseguindo, e botamos por terra nas últimas eleições: garantia de direitos trabalhistas, lei de cotas, equidade de gêneros, reconhecimento político da diversidade sexual, matrimônio igualitário, interrupção voluntária da gravidez, regulamentação do uso da maconha… enfim, um país evoluído.
 
Esclarecedor e elucidativo sem ser didático, o longa ainda destaca a participação das mulheres nas lutas pelas liberdades democráticas, o papel dos jovens na liberação do uso controlado da maconha, a importância do candombe (ritmo tradicional de origem afro) na resistência contra o autoritarismo, e discute os bolsões de hipocrisia que – apesar de tudo – ainda mostram sua força na sociedade uruguaia.
A direção é a produção são de Marco Antonio Pereira, o mesmo de “Paisagem Carioca” (2013), “No Caminho das Pedras” (2019), e que atualmente finaliza “Havana em Movimento” e “Tunísia – a Revolução Continua”.
 
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