“VAI CORINTHIANS!”: CLÁSSICO INSUPERÁVEL.

Por Celso Sabadin.

Esqueça o Oscar. Nem passe perto do festival de Cannes, ou Veneza. Estreia nesta quinta-feira o maior clássico de todos os tempos, na História do Cinema: “Vai Corinthians!”. E evidentemente eu não estou escrevendo isso porque sou corinthiano… jamais me deixaria influenciar.

A epopeia, a odisseia, a saga insana deste verdadeiro povo heroico retumbante que abandona a aridez de suas sofridas existências para viver um fugaz momento de glória onírica e insuperável, transpondo céus, terras e mares rumo ao outro lado do mundo, onde presenciará a escaramuça a ferro e fogo que não, os colonialistas europeus não vencerão, e dobrarão seus joelhos ímpios diante do poderio latino é o tema básico do filme.

Ou, em outras palavras, “Vai Corinthians!” é um documentário que rememora os 10 anos – comemorados ano passado – do título mundial de futebol interclubes, no Japão. Sim, o Corinthians tem Mundial de verdade.

Como se trata do time do povo, do time das massas, o longa é construído através de depoentes de seus torcedores, e de profissionais da imprensa japonesa que testemunharam a invasão revolucionária que os corinthianos empreenderam em terras nipônicas, em 2012.

Sim, há imagens dos gols e das vitórias, mas os depoimentos são impagáveis. O filme comprova que a música “Aqui tem um bando de loucos” está longe de ser apenas uma representação poética da realidade: loucuras reais não faltaram. Desde o torcedor que desobedece às ordens médicas e viaja para o Japão com várias fraturas na perna, até pais de família que abandonam seus empregos para ver seu time jogar, tudo é válido para presenciar este momento máximo da história corinthiana.  Como afirma um componente do “bando de loucos”, o time pode até ser várias vezes campeão mundial no futuro, mas estar presente na primeira vez é histórico.

As reações dos japoneses são um capítulo a parte. Reproduções de programas televisivos locais da época, cenas impressionantes de corinthianos lotando o metrô de Tóquio, e o choque cultural provocado num país que preza o silêncio formam um painel sociológico/esportivo que abre diversas visões deste verdadeiro fenômeno de colonialismo comportamental reverso.

Digno de nota também o impacto provocado nos orientais, que entre atônitos, assustados e surpresos, admitem que “o futebol pode ser visto com mais alegria por nós”, conforme afirma um dos depoentes.

Com direção de Marcela Coelho, Ricardo Aidar e Daniel Kfouri, “Vai Corinthians!” terá uma breve distribuição em cinemas (a partir da próxima quinta, 16 de março, no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca, em São Paulo), para em seguida ganhar o mundo via plataformas digitais.

 

Quem dirige “Vai Corinthians!”

Marcela Coelho é jornalista, roteirista, diretora e produtora de conteúdo audiovisual. Com mais de 13 anos de experiência, assina direção de produção de diversas séries e documentários de cunho esportivo. Estreou como diretora com o filme documentário “A História de um Sonho – Todas as Casas do Timão” em 2018, e em 2020 dirigiu o filme “1999 – A Conquista da América”, em parceria com o jornalista Mauro Beting.

Ricardo Aindar é formado em Administração de Empresas pela FGV, sócio-fundador da produtora Canal Azul, e fundador da Associação Brasileira das Produtoras Independentes de Televisão. São mais de 30 obras como produtor executivo, com destaque para “Rebelião de Tubarões”, exibido no Discovery Channel, e vencedor do melhor documentário no Festival da Amazônia por “Spinner Dolphins”, ganhador da Palma de Bronze no festival de Antibes na França; “Todas as manhãs do Mundo”, série em parceria com a produtora Bonne Pioche; “Crianças Invisíveis”, longa em coprodução com a Gullane Filmes, além das séries “O Continente Gelado de Amyr Klink”, “Pelos Caminhos de Che”, e “Across the Amazon”, todos em coprodução com o Canal National Geographic. Em 2010, dirigiu o longa “Todo Poderoso: o filme – 100 anos de Timão”. Em 2013, fez a direção geral de “100 anos de Seleção Brasileira” – série de 5 episódios exibidos na Fox e Nat Geo e finalista do prêmio APCA. Em 2014, dirigiu o documentário “Libertados”. Em 2016, dirigiu “1976 – O Ano da Invasão Corinthiana”. Em 2019, dirigiu “A História de um Sonho – Todas as Casas do Timão”. Em 2022, lançou o longa “1999 – A Conquista da América”.

Daniel Kfouri foi Designer Gráfico antes de descobrir a fotografia. Como Fotógrafo-Freelancer, trabalhou 20 anos com jornais e revistas nacionais e internacionais. Não é culpa dele, mas passou pela Editora Abril e Folha de S.Paulo.  Foi premiado em 2010 com o maior prêmio do fotojornalismo mundial, o World Press Photo, com a terceira colocação. Em 2011, foi o segundo colocado no Picture of the Year Latin America. Em 2016, foi o vencedor do Prêmio Francês de Fotografia Lauréat Prix Canon de Saint-Tropez. Em 2017, lançou o seu primeiro livro de fotografia, “HI-FI”, resultado do concurso Foto em Pauta, na qual foi vencedor. Em 2017, migrou para o audiovisual e vem desenvolvendo filmes documentais com uma linguagem autoral. Teve o seu primeiro curta-metragem premiado em 2019 no 14 Fest Aruanda. Em 2022, foi um dos vencedores do Edital do Prêmio de Fotografia Augusto Militão de Azevedo do Museu da Cidade, com o tema Moradores de Rua.