“VAI QUE DÁ CERTO” TRAZ ELENCO CARISMÁTICO.

Certa vez o ator Paulo José disse que “o Brasil faz o melhor cinema brasileiro do mundo”. Grande Brasil! Além de produzir o melhor cinema brasileiro já feito na história deste país, de uns tempos para cá também estamos aprendendo a fazer cinema americano. Explico: recentemente alguns produtores brasileiros descobriram que um dos caminhos mais fáceis para o sucesso do nosso cinema é imitar os conceitos básicos do cinema feito dos EUA. A tese pode ser facilmente comprovada através de sucessos como Se Eu Fosse Você, O Homem do Futuro, De Pernas pro Ar 2 e Até que a Sorte nos Separe, claras reciclagens brazucas de antigos sucessos hollywoodianos. E não vai aí nenhum juízo de valor, apenas uma constatação estético-mercadológica.

Tudo isso para falar do lançamento de Vai Que Dá Certo, o mais recente fruto desta safra brasileira de inspiração ianque. O tema agora é “o assalto bem trapalhão”, já visto, revisto e trevisto pela comédia americana. Uma turma de amigos “losers” na faixa dos 30 e poucos anos, cansada de estar sem dinheiro, vê na figura de um segurança desonesto a oportunidade de assaltar um carro-forte e tirar o pé da lama. Obviamente não é necessário dizer que tudo dá errado, catalisando uma série de correrias, trapalhadas e mal entendidos.

Qual a vantagem de se ir ao cinema para ver uma comédia “já vista” repetidamente na cinematografia americana? No caso de Vai Que Dá Certo, algumas. A primeira delas é o elenco, formado por nomes da comédia brasileira que têm feito sucesso na TV, no stand up comedy e no próprio cinema. Funciona bem a química entre Lucio Mauro Filho, Danton Melo, Bruno Mazzeo, Fábio Porchat e, principalmente, Gregório Duvivier, um dos maiores talentos cômicos recentes. A identificação com o público é rápida, imediata e eficiente.

E em segundo lugar porque o filme se propõe a discutir uma certa noção de ética muito típica da nossa cultura: o que seria, exatamente, roubar? Roubar dinheiro de banco seria mesmo um ato criminoso? E de político? Este viés ligeiramente (e só ligeiramente) politicamente incorreto dá ao filme um tempero um pouco mais brasileiro para um tema importado. Lembrando que a função primordial aqui é fazer rir, e não fazer pensar.
Outro ponto positivo do filme é não se render à baixaria fácil que muitas vezes estraga o que poderia ser uma boa comédia. Vai Que Dá Certo não ofende, não abusa de situações de gosto duvidoso, e pode ser visto por toda a família.

Não chega a ser genial, nem especialmente inspirado, mas busca o sucesso com dignidade. O que, ultimamente, não é pouco.