VARILUX 2018: O PROTAGONISMO FEMININO EM DOIS FILMES DE DIRETORES ESTREANTES.  

Por Celso Sabadin.

“Carnívoras” e “O Poder de Diane“ estão entre os longas que privilegiam o protagonismo feminino nesta muito bem-vinda edição 2018 do Festival de Cinema Varilux.

“Carnívoras” enfoca um dos conflitos mais recorrentes entre as relações humanas desde que o mundo é mundo: a rivalidade entre irmãs. E uma rivalidade que se potencializa por acontecer no ultra competitivo universo do cinema. Mona (Leïla Bekhti) é uma atriz mais técnica, mais profissional e mais concentrada no seu ofício que sua irmã Samia (Zita Hanrot, de “Fátima” e “Uma Nova Amiga”), que é mais bonita. Nem é necessário dizer que a carreira de Samia é bem mais midiática que a da Mona. Resignada com a situação (pero no mucho), Mona passa a trabalhar como assistente direta de Samia, o que faz emerger de forma violenta antigas feridas do passado que estavam longe de serem cicatrizadas.

“Carnívoras” marca a estreia na direção dos belgas Jérémie Renier e Yannick Renier, mais conhecidos até então como atores. E uma estreia promissora: o trabalho de direção do filme se mostra dos mais envolventes e eficientes, chegando inclusive a compensar – pelo menos em parte – as deficiências de um roteiro não muito inspirado.

Já “O Poder de Diane” se centraliza na personagem que dá o título ao filme (Clotilde Hesme), uma mulher de poucos compromissos e raízes que aceita ser barriga de aluguel para gerar o filho de Thomas e Jacques, seus amigos gays. Durante a gravidez, Diane se apaixona por Fabrizio, que tem dificuldades em lidar com a inusitada situação.

Escrito e dirigido por Fabien Gorgeart, estreante em longas, “O Poder de Diane” dá vez e voz  ao variados questionamentos femininos sem desandar para panfletarismos feministas nem desnecessários juízos de valor. O plano final é um verdadeiro presente à ótima atuação de Clotilde Hesme.

A programação completa do Festival Varilux está em http://variluxcinefrances.com/2018/programacao/