VENCEDOR DO GLOBO DE OURO, “OS DESCENDENTES” TRAZ PERSONAGENS HUMANOS E MULTIFACETADOS.

Pode não ser o melhor filme do ano, conforme consagração do Globo de Ouro. Aliás, está bem longe disso. Mas “Os Descendentes” tem, sim, suas qualidades. Que não são poucas.

Uma delas é a ótima atuação de George Clooney, no papel de Matt King, um homem completamente atordoado: sua esposa está em coma, vitimada por um acidente, e de uma hora para outra ele se vê obrigado a cuidar das duas filhas, de quem não foi exatamente próximo nos últimos anos. Além da dor de ver a esposa em estado vegetativo, King também tem de administrar a milionária venda de uma gigantesca propriedade de família. Tudo ao mesmo tempo, agora. E mais surpresas surgirão no roteiro baseado no livro da escritora Kaui Hart Hemmings (que faz uma ponta no filme como a secretária de Matt).

Mais do que a trama em si, o maior mérito de “Os Descendentes” está na direção de Alexander Payne, o mesmo de
“Sideways – Entre umas e Outras”. Ele consegue conferir ao filme um sofisticado sabor agridoce, que mistura com eficiência o drama e a comédia. Não desaba no sentimentaloide que o tema sugere, evita o maniqueísmo fácil, e constrói personagens críveis, repletos de deliciosas fraquezas humanas, multifacetados, sem herois nem vilões. Não é pouco.

O filme vale também pela curiosidade de apresentar um Havaí mais real, fora do estereótipo comum que geralmente se faz do lugar.

“Os Descendentes”é um filme que se vê, ao mesmo tempo, com um nó na garganta e um sorriso no canto dos lábios.