“VERONIKA DECIDE MORRER” É MÁ “ESTREIA” PARA PAULO COELHO.

Havia uma certa expectativa em relação à primeira adaptação cinematográfica de uma obra do escritor brasileiro Paulo Coelho. Infelizmente, a frustração foi maior. “Veronika Decide Morrer”, que Larry Gross (roteirista de “48 Horas”) e Roberta Hanley (praticamente estreante) roteirizaram a partir do livro homônimo, resulta frio e sem emoção.

A Veronika do título é Sarah Michelle Gellar (a Daphne de “Scooby-Doo”), garota depressiva que ingere um punhado de comprimidos para tentar se suicidar. Não consegue. Ela vai parar numa clínica de reabilitação, onde recebe do médico (David Thewlis, o Remus Lupin de “Harry Potter”) a notícia que, mesmo “salva” por um tempo, a ingestão de pílulas foi tamanha que ela morrerá rapidamente. Provavelmente, em menos de um ano. Veronika então fica mais depressiva ainda: além de ser incompetente em sua tentativa de suicídio, agora ainda terá de esperar para conseguir seu objetivo.

A direção gélida da inglesa Emily Young distancia tela e público. A empatia com os personagens não acontece, além de ser muito, muito difícil comprar a ideia de que o casal protagonista – depressivo até a medula – passe a enxergar a vida cor de rosa literalmente da noite para o dia, após uma altamente improvável “descoberta” do amor. Não dá liga. Não há credibilidade. Porém, mesmo partindo do pressuposto que – vá lá – os mais românticos estariam dispostos a engolir a trama, o final do filme é um primor de anti-cinema: uma carta qualquer, vinda do nada, narrada em off, explica verbalmente tudo aquilo que a direção, cinematograficamente, não conseguiu mostrar.

Um desperdício.