VERSÃO 1925 DE “O FANTASMA DA ÓPERA” GANHA EDIÇÃO EM DVD.

Por Celso Sabadin.

De formação jornalística, o francês Gastou Leroux baseou-se em alguns “episódios reais” para escrever seu livro mais famoso, “O Fantasma da Ópera”, publicado em 1911. A inspiração veio quando o escritor conheceu o famoso teatro Opera de Paris, e encantou-se com seus labirintos e lago subterrâneos. À ambientação, já naturalmente fantástica, ele incorporou a verdadeira queda do lustre do teatro sobre a plateia, acontecida em 1896, atribuída, ao que parece, a um atentado anarquista. Já o fantasma propriamente dito, esse veio totalmente da imaginação de Leroux.

O livro, num primeiro momento, não foi um grande sucesso, mas suas várias adaptações teatrais e cinematográficas acabaram transformando-o num clássico.

A versão norte-americana de 1925, dirigida pelo neozelandês Rupert Julian e lançada em DVD pelo selo Obras Primas do Cinema, não é a pioneira adaptada deste texto para as telas. Anos antes, em 1916, o alemão “Das Phantom der Oper”, de Ernst Matray, já havia “inaugurado” a longa lista de adaptações do livro clássico, que dá sinais que não terminará tão cedo (há inclusive uma versão em pré-produção anunciada pela Universal).

O longa de Julian se centraliza na obsessão amorosa que o “fantasma” (Lon Chaney, que dois anos antes havia vivido o papel título de “O Corcunda de Notre Dame”) nutre pela cantora Christine (Mary Philbin, que três anos depois estrelaria outro clássico do horror, “O Homem que Ri”). Abrindo espaço até espaço para alguns momentos de humor, o roteiro não prima pelo desenvolvimento desta doentia relação, preferindo priorizar superficialmente as estratégias fantasmagóricas que o protagonista cria para aterrorizar os bastidores do teatro, o que não impediu o filme de se tornar um dos maiores campeões de bilheteria da Universal Pictures daquela década. Certamente boa parte deste sucesso se deve à marcante e eficiente caracterização de Chaney como o fantasma, bastante impactante para a época. Embora a grandiosidade de algumas cenas também chame a atenção, nada foi filmado realmente no Opera de Paris, aqui reconstituído com maestria nos estúdios da Universal. A caprichada cena no baile é disponibilizada neste DVD em versão colorida, mas não consegui precisar se o processo foi realizado na época da filmagem ou se se trata da inclusão de trecho de uma cópia colorizada em computador, mais recentemente.

O casal protagonista de “O Fantasma da Ópera” não teria vida longa no cinema: vítima de uma hemorragia na garganta, Chaney faleceria em 1930, com apenas 47 anos.  E Mary Philbin, de família rigidamente religiosa, abandona o cinema em 1929, após uma carreira de mais de 30 filmes. Ela dedica o restante de sua longa vida de 90 anos a cuidar dos pais e da igreja.

Juntamente com “O Corcunda de Notre Dame” (versão 1923), “A Carruagem Fantasma” e “O Médico e o Monstro” (versão de 1920), este “O Fantasma da Ópera” faz parte da embalagem especial “Horror Mundo”, lançada pela Obras Primas.