VERSÁTIL LANÇA EM DVD “RIFIFI”, O AVÔ DOS FILMES DE GOLPES.

por Celso Sabadin.

Imagine no fragmentado e barulhento cinema atual uma sequência crucial para a trama com nada menos que 32 minutos sem nenhum diálogo, nenhuma fala sequer. Esta deliciosa experiência pode ser conferida (pelos mais jovens) ou reconferida (para os não tão jovens assim) no filme ”Rififi”, de 1955, que integra a caixa Film Noir 4, lançada pela Versátil.

“Rififi” (uma gíria do submundo do crime que significa “luta de morte”, pelo menos de acordo com o próprio filme) é uma espécie de, digamos assim, vovô dos vários filmes de golpes que a gente conhece, de “Golpe de Mestre” a “Onze Homens e um Destino”.

A partir do livro do escritor francês Auguste Le Breton, o filme conta a história de quatro homens que planejam um grandioso assalto a uma famosa joalheria. E é melhor não falar mais nada, para não estragar as surpresas de um roteiro que constrói muito bem seus personagens, e traz subtramas bem urdidas.

Embora a produção e o livro que lhe originou sejam ambos franceses, “Rififi” é dirigido pelo norte-americano Jules Dassin, que já havia realizado importantes filmes em sua terra natal, como “Brutalidade” (1947), “Cidade Nua” (1948) e “Sombras do Mal” (1950). Mas a partir de 1952 Dassin se viu obrigado a partir para o exílio, na França, após ter entrado na infame lista negra de caça aos comunistas, implantada pelo Senador McCarthy. Dassin também faz o papel do especialista em cofres César, o Milanês, substituindo de última hora o ator originalmente escalado, que teve problemas contratuais.

Foi com este tipo de contratempo, um orçamento dos mais baixos e um diretor exilado que “Rififi” venceu o prêmio de direção em Cannes, além dos prêmios das Associações dos Críticos da França, de Nova York e dos Estados Unidos.

Repare também na magistral fotografia em preto e branco assinada Phillipe Agostini, com suas belas sombras e tonalidades típicas do que há de melhor no Cinema Noir.