VETERANOS STALLONE E DE NIRO DÃO CARISMA A “AJUSTE DE CONTAS”.

Não pensei que daria certo. Mas deu: Robert De Niro e Sylvester Stallone estão hilariantes em “Ajuste de Contas”. Principalmente para o cinéfilo que (assim como eu) sempre reconhecerá Rocky Balboa na figura de Stallone, da mesma forma que sempre vislumbrará um ar de Jake la Motta em De Niro. Estes dois atores ítalo-americanos, por mais que conheçam altos e baixos em suas carreiras, continuam segurando o pique e o carisma necessários para conquistar o público neste tipo de papel que exige uma boa capacidade de rir de si mesmo.

Aqui, Stallone é Henry `Razor` Sharp, e De Niro é Billy `The Kid` McDonnen, grandes rivais do boxe na década de 80, e que agora curtem, cada um à sua maneira, os anos de decadência. Até o momento em que um esperto empresário tem a maluca ideia de reunir novamente os dois campeões numa luta decisiva, onde eles poderão acertar antigas pendências do passado.

O primeiro grande desafio do filme é tentar passar algum tipo de veracidade neste improvável embate entre dois sessentões (na verdade De Niro completou 70 anos agora em 2013). Conseguiu. A leveza da direção de Peter Segall (o mesmo de “Como Se Fosse a Primeira Vez”) logra imprimir alguma verossimilhança nesta estranha luta. E vale lembrar que a ação se passa nos EUA, país onde tudo é possível desde que se consigam os patrocinadores certos. Cumprido o primeiro desafio, o bom roteiro de Tim Kelleher (de alguns episódios de “Two and a Half Man”) e Rodney Rothmann (redator do talk show de David Letterman) consegue equilibrar com eficiência os momentos de comédia com o drama romântico-familiar que se desenrolará no decorrer da trama. Tudo isso, é claro, desde que não se leve nada muito a sério.
Detratores do UFC (como eu) vão vibrar na cena em que os dois “velhinhos” vão fazer uma ação promocional ao lado do famigerado octógono.

“Ajuste de Contas” prova novamente que grandes e bons atores, quando bem dirigidos, conseguem fazer a diferença. Mesmo que não estejam nas melhores fases de suas carreiras.
Uma dica: não saia do cinema logo no início dos créditos finais. Há uma boa surpresa que fecha este simpático e divertido filme.